Como nos sentimos quando estamos perto da natureza? Uma matéria publicada recentemente no jornal Folha de S. Paulo apresenta um estudo da Universidade de Utah, nos Estados Unidos, que sugere que passar pelo menos dez minutos em contato com a natureza ajuda a aliviar sintomas de ansiedade, estresse e depressão.
Se pararmos para pensar, esses sintomas típicos de uma sociedade que vê ampliar dia a dia os problemas de saúde psicológica – a OMS declara que uma a cada oito pessoas têm, hoje, algum tipo de transtorno mental -, são bastante comuns no ambiente de trabalho. Então, unindo o útil ao agradável, retomamos a um ponto importante e que já mencionamos anteriormente aqui no Espaço do Arquiteto: um projeto arquitetônico que traz, para dentro do ambiente construído, referências naturais tende a transformar o espaço em um ambiente mais saudável e agradável.
De acordo com o estudo norte-americano que avaliou 30 anos de pesquisas sobre os efeitos sociais, mentais e físicos da exposição do homem à natureza, estar em contato com o meio ambiente, seja no campo ou em espaços urbanos mais arborizados, gera efeitos significativos.
Em paralelo, uma notícia bastante positiva para as empresas: fazer esse tipo de alteração de layout para incorporar elementos naturais não requer investimentos altos. “Com certeza o custo para uma adaptação a uma arquitetura biofílica é menor do que as despesas associadas ao absenteísmo e ao afastamento dos trabalhadores por burnout e outras doenças psíquicas“, comenta Lisandra Mascoto, da RS Design, lembrando que o custo econômico da falta de saúde mental é bastante alto.
Depressão, ansiedade e transtorno bipolar
Os benefícios da exposição à natureza são visualizados a curto prazo, principalmente para pessoas que enfrentam depressão, ansiedade e têm transtorno bipolar. Entre as intervenções observadas no estudo estavam terapias estruturadas e, também, um contato mais simples com a natureza. Enquanto algumas das pessoas analisadas passaram dias em experiências imersivas, outras estiveram por apenas 10 minutos em um parque urbano. Independentemente do modelo, os resultados foram, sim, positivos.
Construindo ou adaptando
Os ambientes de trabalho podem muito bem ser adaptados de forma bastante simples, com a inserção de plantas diversas, de mobiliário mais orgânico, de texturas, cores terrosas e elementos naturais como, por exemplo, a água corrente. Isso sem falar na quebra do padrão geométrico com formas mais orgânicas, arredondadas, curvas e fluidas. O investimento – assim como o tempo de reforma – não é alto.
Existem infinitas possibilidades:
– Verde – Inserir plantas em vasos espalhados pelo espaço ou em murais nas paredes e tetos;
– Iluminação – Priorizar a entrada de luz natural ajuda a tornar o ambiente mais acolhedor e a regular o ciclo circadiano dos ocupantes;
– Áreas externas – Aproveitar áreas externas, por menores que sejam, para a consolidação de jardins com bancos onde as pessoas podem distrair a mente em contato com a natureza;
– Cartela de cores – Tons terrosos são excelentes e podem ser aplicados nas paredes (por meio de uma sessão rápida de pintura) e nos mobiliários;
– Água corrente – Fontes de água ou mesmo ambientes com sonorização de água corrente podem incentivar essa redução do estresse;
– Madeira – Optar por piso de madeira ou pela instalação de mesas de madeira, bem como painéis e divisórias, podem ser boas formas de trazer uma textura natural ao ambiente.
“Uma boa dica é pensar no layout do escritório mais parecido com o ambiente residencial. Ninguém gosta de morar em um local onde não há vida. Onde tudo é cinza, quadrado, rígido e artificial. Da mesma forma, ninguém gosta de passar oito horas diárias em um espaço assim”, complementa Lisandra.