O mundo vem mudando em alta velocidade. A tecnologia, cada vez mais presente no dia a dia das pessoas, transforma relações e atividades; e o envelhecimento populacional – que está invertendo nossa pirâmide etária e, segundo estimativa do IBGE, fará com que em 2060 25% da população brasileira tenha 60 anos ou mais – também movimenta as percepções inclusive econômicas. Mas nada cria transformações mais rapidamente do que uma pandemia infecciosa como a do novo coronavírus.
Ainda em curso – precisamos lembrar que o vírus segue circulando e não há um tratamento eficaz tampouco uma vacina – a crise de COVID-19 nos obriga a aceitar muitas mudanças. Passados quase 9 meses da chegada do patógeno no Brasil, listamos algumas das principais alterações que a epidemia causou na arquitetura corporativa.
Para isso, conversamos com Lisandra Mascotto, da RS Design, sobre como serão os escritórios nessa nova era pós COVID-19.
Apenas recapitulando, em meados de março, da noite para o dia, milhares de brasileiros saíram de seus escritórios para trabalhar integralmente em suas casas. Abandonaram as relações interpessoais diárias, os almoços em grupo, as trocas de conhecimento pelos corredores, o espaço totalmente preparado para que desempenhassem suas atividades, as reuniões presenciais, os eventos, e as confraternizações de fim de tarde.
“Em um primeiro momento, a quebra do ritmo de trabalho, a eliminação do deslocamento entre a casa e o escritório, soaram positivas. Era o sonho do home office. Com o passar dos meses, muito do que parecia irrelevante na percepção do trabalhador se mostrou indispensável. Além de lidar com a necessidade de se concentrar em um ambiente residencial, onde muitas vezes há distrações por toda a parte, as pessoas começaram a sentir falta do dia a dia no escritório. Hoje sabemos – pesquisas inclusive comprovam – que a maioria quer manter o espaço corporativo, mesmo abraçando o home office alguns dias na semana”, comenta Lisandra.
Com o trabalhador querendo ir para o escritório, o empresário vai manter o espaço, mas é inegável que algumas mudanças estão acontecendo. Vamos, então, listar as cinco principais na visão de Lisandra.
1. Ambientes híbridos
Já enfatizamos, aqui no Espaço do Arquiteto, que o mundo corporativo passará a ser híbrido. Isso significa uma mescla entre o remoto e o presencial. Para isso, os escritórios precisam fortalecer suas infraestruturas de TI, investir em equipamentos para videoconferências e garantir que mesmo fisicamente longe, os times possam se manter integrados.
2. Painéis de proteção
As pessoas querem estar próximas umas das outras, mas manter certo distanciamento segue necessário. Dessa forma, a instalação de painéis de proteção nas bancadas de trabalho parece se concretizar como uma tendência. De acrílico ou de vidro, esses painéis criam uma barreira de proteção entre as pessoas, contribuindo para reduzir a transmissão dos vírus, sem delimitar o acesso visual entre os times. Outra possibilidade está nos painéis acústicos, que além da barreira de segurança em saúde também contribuem para a criação de um espaço mais silencioso para atividades que exigem concentração. “Um dos pontos positivos é que esses painéis podem ser adaptados às mesas de trabalho já existentes nos escritórios, reduzindo o investimento”, diz Lisandra.
3. Cadeiras ergonômicas
Investir em boas cadeiras de escritório parece uma atitude tradicional e automática. Porém, no pós pandemia, depois de muitas pessoas passarem meses trabalhando adaptadas em suas casas, sem mobiliário adequado e em cadeiras inapropriadas, elas anseiam por boas cadeiras de escritório. Os múltiplos espaços de trabalho – que envolvem sofás, banquetas, poltronas e até pufes – devem permanecer, mas, na visão de Lisandra, muitas pessoas podem acabar optando por ocupar seus postos de trabalho mais tradicionais nesse momento de retomada.
4. Pequenas salas de reunião
Reunir uma quantidade muito grande de pessoas dentro de uma sala de reunião não deve acontecer com tanta frequência, até porque haverá ainda pessoas trabalhando remotamente. Dessa forma, pequenas salas de reunião para duas ou três pessoas espalhadas pelo escritório, para que os times possam se encontrar brevemente para uma troca de ideias, soa interessante. “Muitas empresas estrangeiras já vinham apostando nesses espaços e vejo a cada dia mais essa tendência se concretizando também no Brasil”, relata Lisandra.
5. Bancadas de trabalho espaçadas
Antes da COVID-19, muitos escritórios já estavam abolindo as estações fixas de trabalho, onde cada um, ao chegar ao escritório, tinha sua mesa com seus pertences. Com a maioria das pessoas utilizando dispositivos móveis como smartphones e notebooks, as bancadas mais amplas – suportadas por lockers para que os trabalhadores guardem suas bolsas e mochilas ao chegar ao escritório – auxiliam na construção desse cenário onde nem todo mundo vai todo dia trabalhar in loco. Em um momento de redução da ocupação e rodízio de pessoas, onde há uma necessidade de maior distanciamento físico entre os profissionais, essas bancadas têm grande valia e ainda podem contar com os painéis de proteção, listados alguns tópicos acima.
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