Com a pandemia de COVID-19 nos levando a adaptações emergenciais em nossas rotinas, falamos há pouco sobre como serão os escritórios nos próximos meses (leia AQUI nosso artigo). E, para corroborar com esse pensamento de que mudanças são necessárias, o CDC – Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos assumiu a vanguarda em comentar o que os escritórios precisam fazer para que possam manter as atividades sem aumentar a disseminação do novo coronavírus.
Como será nosso ambiente corporativo? Maior distanciamento entre os postos de trabalho ou, se não for possível, a volta das divisórias; aferição diária da temperatura de todos os profissionais; pessoas circulando com máscaras. De fato, haverá uma mudança na experiência de trabalho e tornar esse processo o menos doloroso possível é, também, função do arquiteto.
Com os Estados Unidos alguns passos à nossa frente, o CDC norte-americano publicou em seu portal na internet algumas diretrizes para que, assim que os estados forem flexibilizando as restrições, as empresas saibam como proceder. São diversas as recomendações, que envolvem desde o sistema de ventilação até detalhes sobre incentivo à higienização das mãos e monitoramento da saúde.
Colocaremos, então, todo nosso foco nas questões estruturais dos escritórios e dos edifícios comerciais. Assim, muitas das sugestões apontadas pelo CDC já foram mencionadas aqui no Espaço do Arquiteto e em nosso e-book (clique AQUI para baixar). Entre elas, aumentar o máximo possível a circulação de ar mantendo portas e janelas abertas e privilegiando, sempre, a ventilação natural; avaliar todo o local de trabalho para checar onde pode haver risco (como, por exemplo, uma possível substituição de acionamento por toque por sensores); ajuste das estações de trabalho para garantir a distância necessária para evitar o contágio incluindo até mesmo instalação de divisórias físicas entre os postos.
Mas muitas empresas dos Estados Unidos terão dificuldades, como mencionado pelo The New York Times em matéria especial sobre o assunto. No texto, o jornal norte-americano diz que muitos escritórios não têm janelas que podem ser abertas e quase não têm espaços ao ar livre. No Brasil o cenário não é diferente. “Nessa hora, decisões estratégias como modificar a disposição do mobiliário e investir em sistema de rodízio de ocupação vai ser fundamental. Além, claro, de contar com parceiros e fornecedores de confiança para contribuir com essas alterações”, comenta Lisandra Mascotto, da RS Design.
Como inspiração, a matéria do The New York Times traz a experiência da Mobify, empresa com 40 funcionários que voltou ao trabalho e já promoveu mudanças visando a segurança do espaço. Além de exigir que todos usem máscara ao se locomover pelos elevadores, a companhia limitou a utilização de uma pessoa por mesa de trabalho e colocou setas no chão para definir as rotas de circulação, garantindo um caminho único para “ir” e outro para “vir”. Além disso também bloqueou – por um tempo – os pequenos espaços compartilhados de café para evitar o contato próximo entre os colaboradores.
E, mais uma vez, temos a real percepção de que mesmo com o home office mais desenvolvido por ter sido a saída emergencial para que as atividades pudessem se manter acontecendo durante essa crise de saúde, os ambientes corporativos nunca deixarão de existir. Como mencionou Amanda Stanaway, arquiteta, em entrevista concedida à BBC, “trabalhamos porque gostamos de nos unir para criar ideias e resolver problemas. E foi isso que perdemos nas últimas semanas. Esse senso de conexão é fundamental para a raça humana”.