Há mais de um século, Henry Ford definiu que os trabalhadores se dedicariam às suas atividades profissionais cinco dias na semana, um modelo que virou regra em todo o mundo e vem sendo seguido desde então. Porém, com questionamentos sobre a efetividade desse padrão e a potencial falta de equilíbrio entre trabalho e vida pessoal – que pode levar a quadros de burnout -, algumas empresas começaram um movimento para instituir uma jornada de quatro dias úteis de trabalho por semana.
Uma pesquisa da plataforma Indeed realizada com 858 trabalhadores brasileiros mostra que 61% dos entrevistados consideram a possibilidade de mudar de emprego caso o trabalho esteja afetando negativamente a saúde mental. Quando questionados sobre a redução da jornada, 85% deles disseram acreditar que trabalhar apenas quatro dias na semana seria um fator muito positivo para reduzir a carga psicológica.
Do outro lado está a empresa, que caso queira adotar essa estratégia, sem reduzir o salário dos colaboradores, precisa investir em planejamento e estratégia para ter eficiência, inclusive considerando com atenção o que dita a legislação trabalhista brasileira. Porém, a pesquisa sugere que o investimento vale a pena, já que 74% dos entrevistados afirmaram que seriam mais produtivos tendo um dia semanal a mais livre e 79% disseram concordar em aumentar as horas diárias para conquistar essa folga.
Além das estratégias corporativas, a diretoria da empresa que está caminhando para esse cenário também precisa considerar a otimização dos espaços como aliada do aumento da produtividade.
Uma das tendências é que a redução da jornada gere mais desencontros, principalmente quando coincidir com um modelo híbrido de trabalho (parte in loco, parte em home office). E aprendemos, com a pandemia de covid-19, que uma das partes mais atrativas e importantes do trabalho presencial é a interação social. Como a arquitetura pode contribuir para sanar essa demanda? Construindo espaços dedicados ao contato e à troca de experiências.
“Investir em áreas colaborativas pode ser um bom caminho para permitir a interação social também no momento de produção”, comenta Lisandra Mascotto, da RS Design. Outro benefício dessas áreas é a quebra da hierarquia, já que em bancadas compartilhadas todos sentam juntos para trabalhar, independentemente do cargo e da função. “Porém, o escritório precisa ser flexível a ponto de todos se sentirem confortáveis para realizar suas tarefas, e isso também exige a definição de locais mais individuais, silenciosos e focados na promoção da concentração”, completa.
O que a especialista diz é que para construir o ambiente ideal e adequado a uma jornada de quatro dias semanais, as empresas precisam pensar no todo e entregar um espaço físico dinâmico, flexível e capaz de abraçar as necessidades de todos os seus ocupantes. Outro ponto relevante é que essas empresas precisam investir em tecnologia, garantindo boa conectividade em todos os ambientes e espaços dedicados às reuniões virtuais que ganharam ainda mais peso durante a era covid-19.
Por fim, a adaptação inteligente do espaço corporativo tem muito peso na construção de um ambiente altamente produtivo capaz de aderir à jornada reduzida sem perdas em seus resultados.