O paciente está mais empoderado. O profissional de saúde, a cada dia mais atarefado. Como o sistema deve se reinventar para permitir que os ambientes de atendimento como hospitais, laboratórios e clínicas sejam otimizados e, ao mesmo tempo,humanizados?
Foco no paciente e treinamento das equipes são alguns dos caminhos para que essa meta seja atingida. Mas há muito mais que pode ser feito para garantir que os pacientes sejam acolhidos durante sua estada nas unidades de saúde. E trabalhar uma arquitetura dedicada à humanização é um dos pontos-chave.
A era em que hospitais eram totalmente brancos, sem vida e sem aconchego felizmente está ficando para trás. Quem entra em uma sala de espera de um hospital moderno percebe a enorme mudança que ocorreu nas últimas décadas. E quem precisa utilizar essas estruturas, também. Afinal, estar em um ambiente mais agradável, que se afaste da frieza tradicionalmente imposta às unidades hospitalares de antigamente, e se assemelhe mais à uma residência confortável, gera muito mais tranquilidade a quem está prestes a realizar um exame, uma cirurgia ou mesmo uma simples consulta.
Estudo produzido porKatiúciaMegda Ramos e MarieliAzoiaLukiantchuki e intitulado “Edifícios hospitalares – A contribuição da arquitetura na cura” reafirma que uma das principais funções do arquiteto é conceber projetos mais eficientes que integrem princípios funcionais, econômicos e ambientais proporcionando, também, conforto aos usuários. Segundo a publicação, no caso de edifícios hospitalares – construções com alto grau de complexidade – os arquitetos devem se preocupar ainda mais com o uso de recursos como ventilação e iluminação natural buscando, além de uma melhor eficiência energética, a humanização dos espaços.
Essa humanização tão solicitada em um século onde os distúrbios psicológicos tornam-se preocupação mundial, também recai sobre as edificações que, antigamente, tinham como foco principal a saúde física dos pacientes. Para Katiúcia e Marieli, aspectos ambientais, arte, vegetação, integração entre ambiente interno e ambiente externo, podem contribuir diretamente com a cura.
E pensar em um mobiliário menos sóbrio é indispensável para a construção desse espaço acolhedor. A substituição, por exemplo, dos bancos rígidos e padronizados nas salas de espera por sofás mais coloridos, com texturas e conforto, é benéfica tanto para pacientes quanto para acompanhantes.
Nos quartos, a criação de um espaço muito menos rígido e mais similar às nossas casas também só promove benefícios. E o Centro Médico Jacobs, na Califórnia (EUA), é um dos exemplos mais nítidos desse posicionamento. Ao introduzir uma nova era no ramo da assistência hospitalar, esse edifício que tem 245 leitos espalhados em seus dez andares funciona em três especialidades distintas: centro de acolhimento para mulheres e bebês; atendimento ao câncer; e cirurgia especializada.
Muitos dos quartos são tão personalizados que nem de longe se assemelham a um quarto de hospital. O atendimento às gestantes pode ser feito em espaços com camas tradicionais, banheiras para suporte ao parto natural, televisores, janelas amplas, sofás e poltronas. É, de fato, um ambiente diferenciado.
Toda essa preocupação com a construção de um ambiente que siga as regras e normas impostas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e, paralelamente, seja agradável ao paciente está atrelada à necessidade de colocar, novamente, esse paciente no centro do cuidado. É uma atenção que está sendo debatida amplamente pelo setor de saúde e que vem sendo abraçada pelos arquitetos.
Esses profissionais, dedicados a estudar as melhores alternativas para a humanização dos ambientes de saúde, são alguns dos responsáveis pela transformação desses espaços em locais muito mais acolhedores.