Estamos cientes de que a tecnologia avança com uma rapidez impressionante, modificando nosso dia a dia e trazendo alterações significativas na forma como desempenhamos nossas atividades. Em um mercado de trabalho onde tornou-se praticamente inviável não agregar tecnologia, os escritórios também estão sofrendo mudanças estruturais. E quem atua com arquitetura e decoração precisa estar muito antenado para garantir projetos de alta performance para escritórios.
Os computadores evoluíram. No lugar de grandes máquinas em formato desktop (fixas), temos cada vez mais profissionais utilizando notebooks enxutos e leves. Além disso, telefones fixos há tempos foram substituídos por smartphones e a internet deixou de ser utilizada via cabo para ser transmitida via wireless. Seria a geração “sem fio”?
Com tantas propostas tecnológicas que promovem a mobilidade, os espaços de trabalho também vêm se tornando móveis. Os profissionais, aos poucos, vão se adaptando a não ter mais uma estação de trabalho própria, atuando cada dia em um local diferente, de acordo com sua necessidade pontual. Até mesmo a motivação ao home office contribui para essa característica de não manter mais um posto fixo no escritório.
Até mesmo uma área de lazer ou descompressão pode ser utilizada pelo profissional com o seu notebook para realização de algumas tarefas ou pequenas reuniões. “Porém, nem todas as empresas podem migrar para esse formato, visto que algumas funções ainda exigem máquinas específicas ou mesmo ter uma grande quantidade de documentos à mão, impossibilitando essa falta de estrutura fixa”, alerta a designer Alessandra Mesquita, que atua no interior de São Paulo com arquitetura corporativa e residencial. E é por isso que o segredo está na flexibilidade.
Hoje, os escritórios precisam ser modernos sim, mas precisam ser principalmente flexíveis. Flexíveis para atender às necessidades dos diferentes perfis de profissionais, motivando-os de forma bem natural. Fazendo com que eles queiram estar ali, naquela determinada empresa, fazendo parte de um todo.
E essa flexibilidade está, justamente, em oferecer opções ao corpo de trabalho. Ao mesmo tempo em que a empresa valoriza os espaços de uso comum, é importante manter a possibilidade de locais mais reservados e silenciosos para realização de reuniões, treinamentos e conferências.
Muitas vezes, um mesmo profissional durante o dia pode precisar realizar um trabalho mais focado, em um espaço mais reservado, e em outro momento do dia precisará interagir com a equipe e trocar informações de forma mais colaborativa. É importante que a empresa ofereça a flexibilidade de escolha para este profissional, para que ele tenha opções de ambientes para realizar tarefas diferentes.
Trabalho focado: espaços mais reservados e até mesmo confidenciais, evitando a propagação do som de dentro para fora e vice-versa. Locais para tarefas que exijam concentração, detalhamento e que favoreçam revisões, priorizando a assertividade. Como exemplo, temos salas de reuniões, salas executivas ou ambientes com biombos e divisórias.
Trabalho colaborativo: para este tipo de atividade, são comuns as estações de trabalho do tipo plataforma, nas quais as equipes facilmente se comunicam e trocam ideias. Também podem ser criadas áreas com bancadas para conectividade e atividades mais rápidas ou, até mesmo, em conjunto.
Mobiliário – Para criação de um espaço que segue essa tendência, a escolha do mobiliário é indispensável. A utilização de estações de trabalho lineares promove maior adensamento, garantindo a colocação de mais postos em um espaço reduzido. Ao contrário das mesas em L, ela promove essa liberdade para quem opta por oferecer bancadas de trabalho livres. Ao mesmo tempo, por não oferecer apoio direto aos antebraços e punhos na hora da digitação, quando o projeto oferece mesas lineares deve cogitar a inclusão de cadeiras apropriadas, com braços e regulagens. “Independentemente do formato escolhido pelo cliente, o projeto deve seguir a regulamentação oferecendo ergonomia e conforto aos usuários”, comenta Alessandra.
Adaptação cultural – Em 2012, uma pesquisa divulgada pela consultoria Regus apontou que 28% dos trabalhadores brasileiros achavam essencial ter fotos da família na mesa de trabalho. Porém, com a eliminação dos postos de trabalho fixos, torna-se impossível essa personalização do espaço. Uma mudança estrutural e de paradigmas pode sim impactar a motivação dos profissionais. Justamente por isso, é fundamental que todo o processo seja feito de forma transparente e em parceria com o time, ouvindo suas opiniões e promovendo o debate e a conversa entre diretoria e corpo de trabalho.
O escritório do LinkedIn em Nova Iorque (EUA), por exemplo, criou uma gallery wall para homenagear os bichinhos de estimação dos colaboradores (confira post sobre o escritório do LinkedIn clicando AQUI). Essa é uma boa ideia para minimizar esse impacto do profissional não ter mais, na mesa do trabalho, uma pequena extensão da sua casa.
Além das fotos, essa mesma pesquisa, que ouviu 20 mil executivos de 80 países, demonstrou que os profissionais também gostam de manter cartões de visita úteis e objetos de arte e decoração em suas mesas. São atitudes que remetem ao modelo padrão que os escritórios brasileiros mantinham até a última década, o que significa que, investindo em uma boa arquitetura, a empresa também precisa investir em recursos humanos para garantir essa boa interação entre projeto e funcionalidade.
Não existe uma receita de bolo pronta para ser seguida, já que cada empresa tem sua própria cultura e cada projeto é único. Não há, tampouco, o “escritório ideal”, mas sim um formato de escritório perfeito para determinada empresa e tipo de negócio. O mais importante é entender muito bem o perfil da empresa e dos funcionários durante o processo de briefing do projeto. Agora que está inteirado sobre a formatação de ambientes flexíveis, aproveite para saber mais sobre os processos de desenvolvimento clicando AQUI e vendo o post que fizemos sobre as perguntas-chave para criação de projetos corporativos.