Todos nós sabemos que permanecer horas sentado na mesma posição é um hábito muito prejudicial à saúde humana. Mesmo assim, muitos de nós ficamos praticamente as oito horas de trabalho sentados em frente a um computador ou em reuniões extremamente cansativas.
Para melhorar essa situação, muitas empresas passaram a incentivar a movimentação dos colaboradores ao apostar na prática da ginástica laboral, uma série de exercícios físicos realizados dentro do ambiente de trabalho para melhorar a saúde e evitar lesões por movimentos repetitivos. Mas isso não parecia suficiente.
Na sequência, algumas empresas partiram para a ideia de colocar mesas mais altas para que os profissionais pudessem trabalhar em pé em uma modalidade nomeada standing desk. Dentre os benefícios prometidos por esse formato de trabalho estavam a redução das dores nas costas, a melhoria da postura, a diminuição do risco de obesidade, o aumento da produtividade e até mesmo o aumento da expectativa de vida, redução do risco de câncer e do nível de açúcar no sangue.
Mas como a ciência nunca deixa de avançar, um artigo publicado recentemente pela CNNe assinado por Bethy Squires, escritora de um programa que aborda verdades escondidas por trás de conceitos populares equivocados, reascendeu o alerta. Segundo a publicação, estudos realizados em 2016 pelo Instituto Finlandês de Saúde Ocupacional com mais de 2 mil participantes, encontraram poucas evidências de que o formato standing desk traz reais benefícios à saúde.
Outro estudo, este idealizado pelo American Journal of Epidemiology, fez um rastreamento com 7 mil pessoas ao longo de 12 anos e afirma que tanto permanecer em pé quanto permanecer sentado dobra o risco de doenças cardíacas. Enquanto antes acreditava-se que trabalhar em pé aliviava as dores nas costas, agora ficou comprovado que ficar parado por muito tempo em pé comprime a coluna e causa inchaço nos pés e nos tornozelos aumentando o risco de trombose.
A conclusão que se chega é que melhor do que permanecer sentado – ou permanecer em pé – é movimentar-se! E a arquitetura corporativa pode auxiliar nesse processo de mudança cultural dentro das empresas estimulando os colaboradores a se mexerem ao longo da jornada de trabalho.
Quando a empresa oferece mais postos de trabalho para que o profissional ocupe ao longo do dia, ela está incentivando que ele se movimente e mude de lugar. GalenCranz, que é professor de arquitetura na Universidade da Califórnia (EUA) falou, em entrevista para a CNN, que “a melhor postura é a próxima postura”.
Com isso, ele quer dizer que o ideal é que o trabalhador passe suas mais de oito horas diárias de atividade profissional sentado de formas diferentes, em pé, caminhando. O importante é não ficar na mesma posição.
Hoje em dia é comum vermos escritórios modernos abrindo o leque de possibilidades para os trabalhadores, o que é excelente. Podendo optar por trabalhar em uma estação de trabalho padrão, ou em um pufe, um sofá, uma arquibancada, na mesa de refeições e até mesmo em redes para descanso, o trabalhador se sentirá estimulado a se movimentar.
Se antes pensávamos que a melhor posição possível para trabalhar as oito horas diárias era a sentada em uma cadeira altamente ergonômica em uma mesa com seu computador à frente, hoje sabemos que essa é só uma das opções possíveis. Ela não deve ser descartada, mas deve estar integrada a tantas outras que couberem no espaço.Tanto que Cranz afirma que em sua residência existem poucas cadeiras tradicionais, dizendo que por lá os hóspedes sentam-se em bolas de yoga, almofadas e outros tipos de assentos diversos.
Estar de olho no que diz a ciência auxilia os arquitetos na construção dos melhores espaços de trabalho para as empresas que apostam em seu capital humano. Somado à neuro arquitetura, todos os estudos que envolvem as rotinas dos homens podem trazer informações relevantes a quem desenvolve projetos focados no uso humano.