De uns tempos para cá, um termo começou a ganhar relevância: arquitetura emocional. Mas o que é isso, como surgiu e por qual motivo devemos ficar atentos?
Primeiramente falamos muito sobre a neuroarquitetura, ciência que estuda como o ambiente construído impacta nosso comportamento, nossas relações e nossa vivência. Alinhado a isso, temos, então, a arquitetura emocional, que reconhece que os espaços podem provocar, nas pessoas, os mais diversos sentimentos e emoções.
Interessante observar que essa terminologia não nasceu agora. Ela já é bastante antiga e muitos dizem que surgiu ainda na década de 1950 durante uma apresentação do arquiteto Luis Barragan em parceria com o escultor Mathias Goéritz no Museu Experimental El Eco, no México. Esse manifesto, que está disponível AQUI, diz que a arte e a arquitetura são reflexos do estado espiritual do homem.
O que esses especialistas enfatizam é que, por muitas vezes, o homem moderno coloca a racionalidade acima da emoção, sendo “esmagado pelo funcionalismo”. Recentemente, inclusive, fizemos aqui no Espaço do Arquiteto um post que fala sobre como construir um ambiente de trabalho que seja funcional e, ao mesmo tempo, esteticamente agradável e saudável (clique AQUI para ler). Esse é, por exemplo, um caminho excelente para um projeto adequado à arquitetura emocional.
Mas há outros conceitos que podem ser aplicados sempre com base na experiência do usuário, até porque não existem espaços neutros. Todo ambiente desperta algum tipo de sensação e saber como explorar essas representações para desenhar um projeto que estimule o que as pessoas precisam é estratégico e interessante.
Uma mesma empresa – lembrando que vivemos a era da flexibilidade – pode ter espaços diversos:
- Locais colaborativos, open space, com bancadas de trabalho compartilhadas e decoração mais estimulante utilizando cores quentes como vermelho, amarelo e laranja ajudam a promover a interação. Esse sentimento também pode ser explorado em espaços para a prática de atividade física em grupo, salas de treinamento e recreação.
- Locais mais calmantes, com cores mais frias como azul, roxo e verde, aromaterapia, mesas de trabalho individuais, salas particulares e até mesmo cabines para trabalho focado priorizam a individualidade. Uma boa ideia é acrescentar sons da natureza (como de água corrente). As salas de relaxamento, meditação e descompressão também podem seguir essas características.
A inserção de elementos naturais, inclusive, é uma opção totalmente atrelada à promoção de bem-estar. Com o passar dos séculos, o que aparenta é que fomos perdendo nossas raízes. Deixamos de nos enxergar como seres pertencentes à natureza, o que pode gerar sensações ruins e até mesmo contribuir para o adoecimento do corpo e da mente. Para reverter essa situação e fazer dos espaços corporativos locais mais acolhedores, pode-se adotar o design biofílico (temos ESSE POST que fala sobre o assunto).
Além de questões mais técnicas como iluminação e ventilação naturais, possibilidade de espaços externos para contemplação do horizonte e de jardins, o mobiliário também contribui ao utilizar revestimentos com características mais orgânicas que simulam o toque e as tonalidades da natureza.
Empresas que oferecem os dois cenários tendem a ser mais agradáveis. Isso porque um colaborador que está se sentindo sozinho, pode precisar do espaço colaborativo para desempenhar suas atividades com mais felicidade, eficiência e produtividade. Mas esse mesmo trabalhador, em outro momento do dia, pode precisar de silêncio absoluto e privacidade, seja para desenvolver alguma tarefa de trabalho, seja para resolver algum assunto pessoal importante.
O que vemos, então, é que a arquitetura emocional tem, como auxílio, todos os estudos promovidos pela neuroarquitetura e que a flexibilidade dos ambientes veio para auxiliar a construção desses espaços que prezam pelo emocional de seus ocupantes. Afinal, quando as pessoas estão bem física e emocionalmente, elas trabalham melhor e se tornam mais realizadas, motivadas e felizes.