
A recente atualização da Norma Regulamentadora NR-01 trouxe um novo desafio para as empresas: a necessidade de identificar e gerenciar riscos psicossociais no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR). Isso significa que os gestores precisarão avaliar os fatores que podem impactar a saúde mental dos colaboradores, incluindo riscos de ansiedade, depressão e burnout.
Embora a norma não detalhe especificações sobre o layout dos escritórios, é amplamente reconhecido que o ambiente físico influencia diretamente o bem-estar emocional. Assim, a configuração do espaço corporativo passa a ser um elemento essencial na promoção de um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo.

Arquitetura e bem-estar: uma relação inseparável
O Espaço do Arquiteto sempre colocou a saúde como um dos pilares centrais dos projetos corporativos. Um ambiente bem projetado, que valoriza a diversidade de perfis e necessidades dos trabalhadores, contribui para a motivação e o engajamento das equipes. Como afirma Lisandra Mascotto, da RS Design:
“Temos que melhorar a forma de trabalho das pessoas, criando ambientes preparados para diferentes atividades, com espaços de descompressão, convivência e regeneração. A biofilia e o mobiliário ergonômico também têm um papel essencial em determinados espaços. Quando oferecemos um menu de opções para que cada colaborador escolha onde e como deseja trabalhar, aumentamos o conforto e a produtividade”, diz.
O mobiliário flexível, como mesas com regulagem de altura e cadeiras ajustáveis, também se destaca como solução para um ambiente de trabalho mais saudável e adaptável às necessidades individuais. É preciso lembrar, também, das soluções acústicas que ajudam no conforto sonoro e, consequentemente, na redução do estresse.

Assédio moral e sexual no ambiente de trabalho: como a arquitetura pode ajudar?
A temática do assédio moral e sexual no trabalho é urgente. Em 2023, um levantamento do Vagas.com revelou que 52% dos trabalhadores já sofreram algum tipo de assédio moral, sendo que 87,5% deles não denunciaram por medo de represálias ou vergonha. Paralelamente, entre 2020 e 2023, a Justiça do Trabalho registrou um aumento de quase 45% nas ações de assédio sexual, totalizando 22.758 processos.
Se a seleção de pessoal não é capaz de filtrar completamente comportamentos abusivos, o projeto do espaço físico pode ajudar a mitigar esses riscos. Algumas soluções incluem:
- Layout aberto e estrutura horizontalizada, reduzindo hierarquias visíveis e promovendo interações mais democráticas.
- Salas de reunião com vidros transparentes, garantindo privacidade sem criar espaços propícios para situações de vulnerabilidade.
- Áreas de convivência bem distribuídas, incentivando a circulação de pessoas e reduzindo zonas isoladas.
- Iluminação adequada, evitando pontos escuros que possam gerar insegurança.
- Monitoramento estratégico, com câmeras posicionadas em locais apropriados para garantir segurança sem comprometer a privacidade.
Oportunidade para arquitetos e designers de interiores
Com a atualização da NR-01 entrando em vigor em maio, muitas empresas precisarão se adequar para minimizar os riscos de doenças psicossociais no trabalho. Esse cenário abre espaço para arquitetos e designers de interiores proporem soluções inovadoras e alinhadas às novas demandas corporativas.
A reestruturação do ambiente físico e do mobiliário pode ser uma ação estratégica dentro do PGR das empresas, demonstrando um compromisso real com a saúde e o bem-estar dos colaboradores. Afinal, investir em um espaço de trabalho adequado não é apenas uma obrigação regulatória, mas também uma estratégia inteligente para aumentar a satisfação e a produtividade das equipes.