A COVID-19 se espalhou rapidamente pelo mundo impactando de forma drástica a rotina das populações. Alguns países implementaram forte lockdown, multando quem estivesse circulando pelas ruas sem justificativas plausíveis. Outros optaram por restrições mais brandas, cancelando eventos, fechando comércios e reduzindo o número de profissionais que se deslocavam para trabalhar todos os dias. Porém, independentemente de qual foi a estratégia adotada por cada nação, em 2020 todos nós permanecemos muito mais tempo dentro de nossas casas.
E nada como a privação, para que percebamos como amamos a nossa liberdade. O isolamento social – medida apontada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma das mais eficazes para evitar a disseminação do novo coronavírus – fez com que notássemos de forma ainda mais intensa a falta que nos faz o contato com a natureza. Mesmo que esse contato se resumisse à observar o céu enquanto se deslocava para o trabalho; ver as árvores pelo caminho mudando de cor de acordo com a passagem das estações do ano; o barulho feito pelos passarinhos no decorrer do dia; ou aquela fugidinha até a praia no final de semana.
Assim, quando nos vimos obrigados a permanecer 100% do tempo dentro dos ambientes construídos, os conceitos de biofilia ganharam ainda mais força. Ficamos carentes de natureza. E mesmo sem perceber, passamos a suprir essa carência apostando em elementos típicos do design biofílico. Caso não tenha muita familiaridade com o tema, clique AQUI e acesse nossa central de matérias relacionadas à biofilia.
Foi um momento em que as pessoas passaram a valorizar ainda mais varandas e quintais, ou seja, qualquer possibilidade de se aproximar de elementos naturais, nem que fosse para apreciar os passarinhos cruzando o céu. Um artigo assinado por Andréa de Paiva, consultora de neuroarquitetura, e publicado no neuroau.com diz: “Mesmo que a casa seja pequena, ficar perto da janela e olhar a vista ajuda a sentir menos sufocado. Além disso, ajuda a receber mais luz natural, o que é importante para manutenção do ritmo circadiano. Sentir o vento e olhar para o céu também nos aproxima da natureza”.
O conceito de Urban Jungle, que já vinha ganhando cada vez mais adeptos, se fortaleceu. Esse resgate da natureza dentro das residências e dos escritórios, começou a fazer ainda mais sentido. Houve, inclusive, aumento no interesse pelo cultivo de plantas. Segundo o Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor), em agosto a venda de flores cresceu 10% no comparativo com o mesmo período de 2019. Isso sem falar que, estando isoladas, as pessoas conseguiam cuidar mais de seus jardins, acompanhando o desenvolvimento das mudas e querendo sempre colocar mais vida ainda dentro de casa. Há, inclusive, quem afirme que a jardinagem tem efeito terapêutico.
Mas a biofilia que ganhou ainda mais vida durante a crise do novo coronavírus não se resume à busca por espaços abertos como varandas e quintais ou a inserção de jardins e plantas avulsas dentro de casa. É todo um contexto que transforma o ambiente dando, a ele, um ar mais natural. E isso envolve a mudança de revestimentos, aplicação de novas texturas e de elementos como madeira, água, algodão cru e cerâmica.
“As pessoas passaram a abrir mais as janelas, apostar em aromas e até mesmo em uma alimentação mais orgânica e balanceada. Tudo isso faz parte da imersão na natureza que comprovadamente traz inúmeros benefícios ao organismo”, finaliza Lisandra Mascotto, da RS Design.