Com o passar dos anos, vimos os ambientes corporativos sofrerem transformações bem intensas, passando de locais exclusivos para execução focada de atividades profissionais para espaços onde o bem-estar é valorizado e compreendido como pilar de produtividade. Chegamos, então, à era do Care-Taking também nos escritórios.
Um relatório de tendências de arquitetura de interiores publicado pela Worth Global Style Network (WGSN) aponta o Care-Taking como uma das grandes preocupações dos ambientes construídos para 2024. Os especialistas responsáveis pela publicação reforçam que devemos dar atenção à priorização do bem-estar e do cuidado e à importância de darmos voz às minorias. “Diga adeus à cultura da agitação e olá à cultura do cuidado“, diz um trecho do documento.
Para as empresas, existem estratégias importantes para essa adequação à era do cuidado. Listamos, abaixo, cinco passos principais a serem seguidos!
- Pesquisa de clima organizacional – Incluir, na tradicional pesquisa de clima, perguntas sobre a estrutura do escritório a fim de entender quais são os prós e os contras na visão dos colaboradores é um bom ponto de partida.
- Análise dos resultados da pesquisa de clima organizacional – Posteriormente, com a ajuda de um profissional de design ou arquitetura, é possível balizar os resultados e entender quais são os pontos mais críticos para as equipes, colocando-os como prioridade.
- Definição do projeto – Tendo o resultado da pesquisa em mãos e o orçamento definido, é a hora de trabalhar na renovação do ambiente para atender às necessidades específicas dos trabalhadores. Esse novo projeto pode ser bastante amplo, envolvendo reformas estruturais, ou mais sutil, apenas com a troca de mobiliário e de instalações.
- Reforma – Assim como o projeto, a reforma pode ser mais simples e rápida ou mais profunda e demorada. Se houve a proposta de mudanças mais bruscas, é preciso planejar intervenções pontuais em áreas distintas em um sistema progressivo e a rotina dos trabalhadores enquanto essas intervenções estiverem ocorrendo. Nesse momento, empresas que adotaram o trabalho híbrido – aonde parte da jornada é remota e parte presencial – acabam com mais facilidade de conciliar a obra com a manutenção das atividades.
- Inauguração do espaço – Promover uma data específica para a inauguração do novo espaço é importante para marcar a intervenção, apresentar a nova estrutura aos colaboradores e mostrar, às equipes, que as mudanças foram feitas justamente para atender às reclamações destacadas na pesquisa de clima. Dar esse poder aos times é fazer com que eles se sintam importantes, ouvidos e atendidos.
Entre os tópicos que merecem ser conversados na hora de desenhar o novo projeto de layout a fim de garantir o bem-estar e a saúde dos colaboradores, destacamos três deles:
- Flexibilidade – O novo trabalhador preza por flexibilidade em diferentes sentidos, desde a possibilidade de horário flexível e trabalho híbrido até espaços diferentes para atividades diferentes, a exemplo de cabines para ligações, videochamadas e funções que exigem silêncio e concentração em paralelo a bancadas compartilhadas para trabalho colaborativo.
- Espaço adequado para as refeições – A hora da refeição deve ser respeitada e, para isso, a disponibilização de um espaço próprio para esse momento é fundamental. Uma copa com a estrutura necessária (geladeira, bancada com pia, micro-ondas, mesas e cadeiras) e um ambiente agradável que possibilite comer e socializar é o ideal. Independentemente do porte da empresa, esse espaço ajuda na construção de um ambiente que preza pelo bem-estar de seus times. Além disso, ele não precisa ser exclusivo para o almoço ou o jantar. Se bem planejado, pode ser também ocupado para atividades profissionais, se tornando um espaço no qual as pessoas irão gostar de ficar.
- Contato com a natureza – Espaços construídos podem se tornar muito mais agradáveis por projetos biofílicos, responsáveis por incorporar itens naturais ao ambiente. É possível adequar esse tipo de projeto à estrutura da empresa e ao orçamento disponível. A inclusão de plantas de diferentes espécies em vasos, murais, no teto e nas áreas abertas é um exemplo de intervenção a baixo custo. Para empresas que estão dispostas a transformar o espaço, ainda é possível pensar no uso de água corrente, de locais totalmente naturais onde a sensação é a de estar em meio a natureza, na adoção de tecidos, revestimentos e texturas mais naturais (como linho, madeira e pedra). Nesse momento, o céu é o limite.
Como conclusão, notamos que tudo começa e termina nas pessoas. Todo o plano é pensado para elas, e não para o negócio. A mudança parte delas, listando o que as incomoda e o que as agrada, e termina nelas recebendo o novo ambiente e aprendendo a utilizá-lo no todo. O ambiente é construído por seres humanos e para seres humanos.