A arquitetura está mudando em grande parte por influência da neurociência. Porém, com diversos estudos sendo realizados principalmente nos Estados Unidos – onde está localizada a ANFA (Academia de Neurociência em Arquitetura) – é preciso que arquitetos e designers tenham muito tato e bom senso na hora de trazer, para o Brasil, o que vem sendo aplicado lá fora. E é isso que chamamos de coerência cultural.
Segundo Priscilla Bencke, especialista em neuroarquitetura e uma das profissionais com maior destaque no cenário brasileiro, é preciso observar muito bem as questões culturais para que as tendências que vemos pelo mundo sejam absorvidas com sucesso pelo nosso povo. “Quando falamos das empresas do Vale do Silício, por exemplo, estamos falando sobre norte-americanos que são muito diferentes de nós. É preciso ter sensibilidade para saber o que vai funcionar aqui”, comentou durante palestra ministrada no show-room da RS Design (leia mais sobre esse evento clicando AQUI).
Uma pesquisa realizada pela Hogan Assessments/Ateliê RH e publicada pelo jornal O Globo em 2014 confirmou que existem muitas semelhanças entre o profissional brasileiro e o americano, mas também muitas diferenças. Na ocasião, foram entrevistados 334 mil americanos e 35 mil brasileiros entre os anos de 2001 e 2013.
O estudo traça o perfil do trabalhador brasileiro com base em características como estabilidade emocional, autoestima e ambição medianas. Confirma, também, que os brasileiros têm uma certa competitividade contida, ou seja, preferem assumir o papel de apoiadores agindo nos bastidores, sem exposição e sem querer controlar as situações. A pesquisa também aponta que nós, brasileiros, somos profissionais criativos, flexíveis e pragmáticos.
Enquanto isso, os norte-americanos têm como suas características mais fortes a autoconfiança e o autocontrole, o que os tornam mais resistentes ao estresse, mais perseverantes e mais ambiciosos. São, também, mais empreendedores e com mais tendências a assumir posições de liderança. Tudo isso faz com que sejam bem mais competitivos que os brasileiros.O que temos em comum? A sociabilidade. Tanto norte-americanos quanto brasileiros dividem-se entre introvertidos e extrovertidos.
Mas nada como ouvir quem conhece tanto o ambiente de trabalho brasileiro quanto o norte-americano para entender mais a fundo quais são essas diferenças. O blog Profissionais Brasileiros nos EUA, gerido por Naira Rocha, traz alguns pontos bastante interessantes e que comprovam o relatado pela pesquisa da Hogan Assessments.
“Americanos são muito competitivos. Eles competem em simplesmente tudo e vivem frustrados se não são os melhores o tempo todo. Até quando fazem algo por hobby ou para, teoricamente, relaxar, eles competem para ter o melhor tempo, os melhores equipamentos, a melhor organização”, comenta Naira em uma de suas publicações reforçando que essa alta competitividade gera mais estresse, mas também mais produtividade.
Outro ponto destacado por Naira diz respeito ao clima corporativo. “Em todas as empresas que trabalhei no Brasil o ambiente de trabalho era sempre acolhedor e, dentro dos departamentos, quase familiar. Você se torna íntimo das pessoas, compartilha histórias de vida, faz piadas, festas, almoça junto. Nos Estados Unidos o ambiente é diferente e muito mais sério. Mas não entenda errado. As pessoas são muito legais e educadas, porém essa familiaridade e intimidade que criamos com nossos colegas de trabalho no Brasil não existe nos EUA. Enquanto no Brasil é geralmente mesclado o pessoal e o profissional, nos EUA a linha divisória é bem clara”, disse.
Dica – Diversas empresas focadas em recursos humanos trabalham com o desenvolvimento de testes de personalidade para identificação do perfil profissional. Para o arquiteto e designer responsável por projetos corporativos, e interessado em humanizar o espaço de trabalho, essa é uma boa alternativa para iniciar o desenvolvimento do projeto. A SOAR Excelência Aplicada, por exemplo, fornece um teste gratuito em seu portal na Internet (clique AQUI para visualizar).
Com cerca de 20 perguntas, o teste visa entender o que incomoda os profissionais dentro do espaço de trabalho, como eles agem na hora da tomada de decisão, o que esperam de feedback’s profissionais e o que faz com que eles se sintam bem no espaço de trabalho.
Hoje, o profissional de arquitetura precisa ser multidisciplinar, circulando com tranquilidade entre diferentes meios para captar as informações que são indispensáveis para a construção de um ambiente de trabalho humanizado, produtivo e que gere bons resultados às corporações.É justamente essa capacidade de entender tantos aspectos diferentes que permite que ele crie um projeto único e culturalmente coerente.