Existem, pelo mundo, regiões conhecidas pela longevidade e pela quantidade de centenários na população. Essas áreas são chamadas de “zonas azuis” e têm sido bastante estudadas por cientistas e pesquisadores interessados em entender por qual motivo as pessoas que ali residem tendem a viver mais e com mais qualidade.
São apontadas como “zonas azuis” cidades como Okinawa, no Japão; Icária, na Grécia; Loma Linda, nos Estados Unidos; Sardenha, na Itália; e Península de Nicoya, na Costa Rica. Infelizmente nenhuma região brasileira consta nesse ranking (até o momento).
Antes de mais nada, podemos perceber que esses locais não têm muito em comum. São culturas totalmente diferentes, a exemplo da japonesa no comparativo com a norte-americana, onde a alimentação não é igual, o estilo de vida também não, a religiosidade menos ainda. Mas o que faz com que esses cinco povos tão distintos vivam mais do que o restante do planeta? Apesar de não parecer, os pesquisadores conseguiram encontrar pontos em comum! E neles vamos nos aprofundar agora.
Um estudo conduzido na Dinamarca e comentado em uma matéria da Revista Forbes diz que somente 20% da nossa longevidade é determinada por genes. Isso significa que 80% dela está totalmente atrelada ao nosso estilo de vida e ao ambiente em que vivemos.
Dan Buettner é um explorador, educador e autor norte-americano que vem dedicando boa parte da sua vida profissional a entender as “zonas azuis”. Responsável por diversos livros e estudos já publicados, o especialista conseguiu resumir o que há de comum nas cinco “zonas azuis” do mundo em *nove lições. Se essas regiões, com esses hábitos, aumentam a expectativa de vida, acreditamos que esse aprendizado pode (e deve) ser absorvido pelos designers e arquitetos corporativos para ser, então, replicado nos escritórios, afinal, passamos muito tempo de nossos dias ali dentro.
Com base nas nove lições de Buettner, criamos a nossa própria listagem: 5 estratégias para fazer do ambiente corporativo uma zona azul!
1. Movimento
Segundo o pesquisador, os residentes das zonas azuis estão em contínuo movimento. Apesar de não irem à academia, eles caminham pelas ruas, em meio à natureza, e cuidam dos seus afazeres domésticos. Isso aumenta a qualidade de vida! Portanto, estimular o movimento dentro do ambiente corporativo é importantíssimo para evitar que os colaboradores permaneçam durante toda a sua jornada (que dura, em média, oito horas) sentados em um mesmo local. Para isso, é interessante criar ambientes diversificados, fazendo com que eles possam se deslocar para ocupá-los conforme a atividade que vão desempenhar. Inclusive já observamos uma tendência do próprio mobiliário promover o movimento, como mesas com regulagens de altura (permitindo que a pessoa alterne a atividade sentada e em pé), cadeiras com uma base com pedais, permitindo exercício de bicicleta, etc. Tudo para estimular o movimento durante o dia de trabalho.
2. Propósito
Ter um motivo para levantar da cama e seguir com a rotina é fundamental para a longevidade e um dos motivos mais incríveis da alta expectativa de vida nas zonas azuis. Ter objetivos, esperança e encontrar, pelo caminho, pessoas que compartilham desses sonhos ajuda no envelhecimento saudável. O ambiente corporativo precisa reconhecer qual o propósito da companhia e estimular seus ocupantes a enxergá-lo e abraçá-lo. Além disso, precisa ser confortável e acolhedor para que as pessoas se sintam estimuladas a sair de casa para entregar diariamente o seu melhor!
3. Desacelerar
Quem mora nas “zonas azuis” sabe que nutrir a alma é indispensável. Para isso, é preciso desacelerar, seja para colocar a religião em prática, fazer uma caminhada suave ou encontrar os amigos. E já não é de hoje que o mundo corporativo entendeu que fazer pausas durante o trabalho é importante para manter a produtividade em alta. O ambiente corporativo que ajuda as pessoas a desacelerar é aquele que oferece espaços adequados para isso, a exemplo de salas de meditação e reflexão, espaços de descompressão e jogos, e pontos de café que estimulem a interação social e a criação de laços afetivos.
4. Família
O que Buettner sugere é que os centenários das “zonas azuis” estão em contínuo contato com os membros mais jovens da família. Dessa forma, percebemos que a interação geracional é estratégia positiva para a longevidade. Um ambiente diverso, que recebe muito bem pessoas de qualquer geração (e hoje sabemos que essa mescla de idades é muito comum dentro das empresas) estimula esse contato. Para isso, o escritório deve entender quais são as demandas de infraestrutura tanto dos colaboradores mais velhos quanto dos mais novos, oferecendo espaços adequados para ambos!
5. Conexão social
Estar cercado de pessoas onde há uma conexão profunda é fator promotor da longevidade nas “zonas azuis”. O ambiente corporativo é um local ideal para a socialização e para que as pessoas criem esses vínculos tão importantes. Porém, se cada time fica “restrito” à sua sala, é difícil permitir que pessoas de departamentos diferentes se conheçam e aprofundem a amizade. Por esse motivo, a construção de espaços colaborativos e voltados à interação social é tão importante. Um bom exemplo prático está na construção de um refeitório atrativo, esteticamente agradável, acolhedor e eficiente.
Quer saber mais sobre as “zonas azuis” para trazer estratégias de longevidade ao ambiente corporativo que está planejando? A Netflix tem um documentário superinteressante sobre o assunto chamado “Como Viver até os 100: Os Segredos das Zonas Azuis“. Vale a pena assistir!
* Nove lições das Zonas Azuis segundo Dan Buettner
Conforme comentado acima, o especialista resumiu as características das zonais azuis em nove lições:
1. Mexa-se naturalmente;
2. Pratique a restrição calórica consciente;
3. Tenha uma alimentação baseada em produtos frescos e vegetais;
4. Beba vinho;
5. Encontre seu propósito;
6. Desacelere e faça coisas que nutram a alma;
7. Encontre uma comunidade espiritual;
8. Priorize a família;
9. Cerque-se das pessoas certas.
Dessas nove, cinco podem ser aplicadas e adaptadas ao ambiente corporativo, como sugere nosso artigo.