Tendência mundial, os espaços de trabalho compartilhados estão em alta no Brasil trazendo vantagens significativas tanto para o gestor quanto para o trabalhador. Para empresas já consolidadas, mas que visam, em um momento de instabilidade econômica, uma economia de recursos, investir em um coworking ajuda na redução de custos fixos. Para jovens empreendedores, startups e empresas mais enxutas, o coworking oferece um espaço de trabalho ideal, bem estruturado, para reunir os times e compartilhar experiências a baixos custos e sem necessidade de investimento inicial.
Já do lado do trabalhador, a possibilidade de conhecer novas pessoas e interagir com outros profissionais agrega tanto na produtividade quanto no ânimo para a rotina intensa de trabalho. Isso sem falar na flexibilidade que o espaço compartilhado proporciona. Em um cenário no qual cada trabalhador tem um perfil e necessidades mais particulares, poder escolher os seus melhores horários para desempenhar suas funções sem ser obrigado a seguir uma rotina padrão de um escritório comum é bastante interessante.
“Os coworkings eliminam todos aqueles custos e burocracias necessárias para ter um estabelecimento em funcionamento. O usuário paga o uso do seu espaço e ainda ganha uma série de benefícios com isso”, comenta Alexandre Xavier, proprietário da Colmeia Carioca, um espaço de coworking instalado em Botafogo, no Rio de Janeiro. “Além disso, estar em um ambiente onde há um hub de outras empresas é, no mínimo, estratégico. Imagina precisar de um parceiro para determinado projeto e descobrir que ele está a apenas duas portas de distância”, complementa.
Instalações – Os coworkings surgiram de forma mais tímida, oferecendo primeiramente uma bancada de trabalho com acesso à Internet e linhas telefônicas disponíveis. Com o aceite do mercado, eles foram se desenvolvendo e hoje contam com infraestruturas bastante convidativas que envolvem telefonista, motoboy, copa, serviços de limpeza e manutenção, salas de reunião disponíveis mediante agendamento prévio, entre outros benefícios.
Uma das novidades está no oferecimento de espaço kids para os pais que precisam se concentrar no trabalho e estão com os filhos sob sua responsabilidade. Na cidade de São Paulo, por exemplo, a Casa de Viver foi um dos espaços pioneiros na construção de alternativas para dar suporte a quem tem filhos. Instalado na Vila Mariana, o coworking fomenta a perspectiva de quem gostaria de acompanhar mais de perto o desenvolvimento das crianças sem renunciar à vida profissional.
Chegamos, então, novamente à questão da humanização dos espaços de trabalho, tema que falamos rotineiramente aqui no Espaço do Arquiteto. Se as empresas estão buscando adaptar seus espaços físicos para proporcionar mais conforto e aconchego aos seus funcionários, os coworkings também estão trabalhando essa tendência ao criar escritórios mais inclusivos para todas as tribos, com design mais irreverente e espaços de convivência amplos e abrangentes.
Não é raro, por exemplo, encontrar coworkings bastante coloridos, repletos de sofás, pufes e espaços para troca de ideias. Atentos às tendências de decoração e design, alguns escritórios compartilhados estão inclusive investindo em bancadas altas para que o trabalhador produza em pé. Conhecidas mundialmente como StandingDesks ou Stand UpDesks, essas mesas foram criadas por acreditarem que trabalhar em pé durante um certo período pode ajudar na prevenção de doenças como a obesidade, a diabetes e problemas cardiovasculares. “Acreditamos que a qualidade de vida aliada ao ambiente de trabalho proporciona um grande ganho em produtividade para as pessoas”, diz Fanny Moral, cofundadora do EurekaCoworking, espaço em São Paulo que apostou nessa ideia.
Notável crescimento – A comprovação de que coworkings podem ser uma boa alternativa está nos números divulgados pela Coworking Brasil: de 2016 para 2017 a quantidade de escritórios compartilhados cresceu 114% passando de 810 unidades no Brasil. Hoje esses espaços oferecem 56 mil estações de trabalho e ocupam mais de 313 mil metros quadrados, movimentando cerca de R$ 82 milhões ao ano e recebendo uma circulação média de 210 mil pessoas. São Paulo é o estado que mais se destaca, com 336 espaços. O Rio de Janeiro está em segundo lugar no ranking acumulando 78 coworkings e o Paraná assume a terceira colocação com 69 unidades.
Com os coworkings se proliferando nas principais capitais, surge mais uma boa oportunidade de atuação para os arquitetos que se interessam por desenvolver projetos para este tipo de instalação, ou seja, projetos que visem o conforto somado à funcionalidade e a diversidade de ambientes.