A neuroarquitetura vem aproveitando todo o conhecimento dos neurocientistas para estudar o comportamento humano diante de ambientes construídos. Com tantos estudos à disposição e sendo realizados cotidianamente, arquitetos ganham conhecimento muito forte e embasado sobre o reflexo dos edifícios na rotina de seus usuários.
O livro “Criando espaços de trabalho emocionalmente inteligentes”, publicado por Edward Finch e Guillermo Aranda-Mena, afirma que até recentemente todas as emoções eram eliminadas do ambiente de trabalho, visto que eram interpretadas como distrações, prejudicando a produtividade.
Porém, assim como mencionamos em uma publicação recente (que você pode ler clicando AQUI), as emoções baseiam muitas de nossas atitudes e é preciso trabalhá-las por inteiro. Dessa forma, o guia sugere que os arquitetos (e seus clientes, executivos e diretores de empresas) deixem de focar esforços nas aptidões ou deficiências de seus colaboradores para dar mais atenção ao ambiente que está propondo para o desenvolvimento deste trabalho.
Para os autores da obra, o espaço de trabalho é capaz de debilitar ou possibilitar nossa compreensão emocional. E criar um escritório emocionalmente inteligente é benéfico para o trabalhador e para os resultados da companhia. Afinal, a inteligência emocional não diz respeito apenas ao indivíduo, mas sim ao ambiente em que ele está inserido.
Vamos levar esse cenário à dois extremos para tornar a compreensão mais palpável. Imagine uma equipe trabalhando em um escritório mal preservado, com infiltrações, paredes descascadas, mobiliário velho e depredado. Sem luz natural, com pouca circulação de ar. Como esses profissionais reagiriam a uma reunião de feedback? Qualquer adversidade é ampliada por conta da sensação de mal-estar gerada pelo espaço.
Agora imagine esse mesmo time trabalhando em um escritório aberto, bem conservado, com mobiliário que atende totalmente às suas necessidades, onde ele goste de estar e sinta-se acolhido? Qualquer reunião, mesmo para feedbacks negativos, ganha outro peso.
Engajamento e emoção – O artigo “Lidando com explosões emocionais em sua equipe”, escrito pela pesquisadora canadense Liane Davey, especializada em psicologia organizacional, aponta alguns dos principais mitos deste panorama:
– MITO: Trabalho não é lugar de demonstrar emoções – Um ambiente composto por seres humanos não pode estar ausente de emoções. E em vez de ignorá-las, o ideal é aprender a lidar com elas.
– MITO: Conversar sobre sentimentos com os funcionários é desperdício de tempo – Assim como prevenir é o melhor remédio para a saúde, falar sobre questões emocionais é o melhor remédio para evitar que elas se tornem um problema a ser solucionado.
– MITO: Emoções distorcem tomada de decisão – As emoções (nosso inconsciente) já dominam grande parte das nossas decisões conscientes. Isso significa que é uma falácia acreditar que podemos ser “tomados pela emoção” na hora de fazer escolhas.
Para Liane, que vem estudando profundamente o impacto das emoções no ambiente de trabalho, o melhor caminho para lidar com questões emocionais é: detectá-las, escutar os funcionários, fazer perguntas e então resolver as pendências que surgirem.
Como o ambiente de trabalho pode contribuir para uma cultura empresarial aberta a entender o emocional das equipes? Propondo áreas colaborativas que estimulem o contato entre os pares; evitando salas individuais fechadas para cargos hierarquicamente superiores (pois isso cria uma barreira entre líder e liderado); criando salas dedicadas ao relaxamento para que todos sintam ter, em seu ambiente de trabalho, um espaço para fugir das tarefas profissionais e se abrir às demandas pessoais.
Seguindo todos esses conceitos que vêm sendo amplamente debatidos dentro da arquitetura corporativa, como humanização, biofilia e as principais tendências do segmento, é possível contribuir com essa nova imagem do ambiente de trabalho que ouve seus trabalhadores e promove a saúde mental deles.