No Brasil, o setor de construção civil sempre foi tido como um dos mais importantes para a economia nacional. É este segmento do mercado que, quando fortalecido, torna-se responsável pela maior geração de empregos e pelo giro da renda, fundamental para que o país possa seguir em frente de forma positiva. Muitos enxergam a construção civil apenas no início da obra e se esquecem de que o giro do capital se dá muito antes da montagem do canteiro. E é neste tipo de observação que um profissional indispensável para que o setor se desenvolva acaba não tendo o destaque merecido: o arquiteto.
Em um país no qual a construção civil tem um peso tão grande, é possível afirmar que o arquiteto é uma das profissões que se coloca na linha de frente da recuperação econômica da nação. É ele quem traça os projetos e os planos para diferentes formatos construtivos.
Nos últimos 16 anos, a construção civil no Brasil vem enfrentando uma sequência de quedas. Com exceção do período entre 2009 e 2014, quando o setor ensaiou uma recuperação, a tendência vem sendo de redução no mercado. Hoje, segundo dados da CBIC – Câmara Brasileira de Indústria da Construção, a construção civil representa 5,6% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional. Dado que, mesmo em queda, segue expressivo.
Não faltam iniciativas públicas e privadas que objetivam impulsionar o crescimento do setor. No último bimestre de 2016, o relançamento do cartão Construcard foi uma das formas encontradas pelo governo federal para fomentar a área. Na ocasião, foi anunciada uma linha de crédito de R$ 7 bilhões para construções, reformas ou ampliação de imóveis. Com o cartão, que é destinado a pessoas físicas, os clientes podem financiar compra de materiais de construção com valores de até R$14 mil em uma ampla rede de parceiros composta por mais de 80 mil lojas no país.
Ao adquirir o cartão, o cliente tem um prazo razoavelmente apertado para fazer as compras necessárias para sua reforma – até seis meses. E é então que surge, novamente, a figura do arquiteto, promovendo agilidade e assertividade na decisão de compra evitando, assim, que o cliente perca o financiamento ou faça investimentos pouco interessantes.
Ainda analisando o atual cenário da construção no país, o Fantástico, da Rede Globo, apresentou uma reportagem no início de junho listando os desperdícios gerados pela corrupção no segmento. Segundo a matéria, o desperdício chegou a R$ 300 bilhões em obras. Para o CAU/BR – Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil, um dos pontos fracos da construção pública é o fato das licitações não exigirem projetos completos para todas as obras, deixando de separar projetista de construtor. Em nota publicada em seu portal, o conselho afirmou: a falta de Projeto Completo na licitação da obra é fator determinante para a baixa qualidade e aumento de custo e de prazo. Como resultado, o país se vê mergulhado em obras inacabadas e investimentos paralisados. Mais uma vez, destacamos a importância da atuação do arquiteto como parte integrante da recuperação econômica.
Uma notícia recentemente publicada peloThe Post and Courier, jornal diário norte-americano, abordou o atual boom da construção na Carolina do Sul e como os arquitetos estão à frente dos projetos. Por lá, segundo DinosLiollio, que comanda o escritório LiollioArchitecture, a maioria das empresas de arquitetura está bastante ocupada com a construção civil seja para concepção de apartamentos, hospitais e hotéis quanto para o levante de escolas e instituições públicas. Hoje, o escritório de Liollio conta com 27 funcionários empenhados em cerca de 48 projetos, incluindo um escopo de preservação na Biblioteca Caroliniana da Universidade da Carolina do Sul, em Columbia.
O Guia da Carreira coloca a Arquitetura e Urbanismo como uma das dez profissões mais concorridas, ao lado de medicina, direito, publicidade e outras. Em meados de maio, por exemplo, a Universidade Estadual de Maringá (UEM) divulgou a lista dos cursos mais concorridos e Arquitetura e Urbanismo ocupa a terceira colocação no ranking com 46,4 candidatos por vaga, atrás apenas de Medicina (378,1 candidatos por vaga) e Odontologia (55,6 candidatos por vaga). Será que nosso país está abrindo os olhos para a importância do arquiteto na sociedade e na economia?
Esperamos que sim!