O que significa estar confortável? O dicionário Michaelis aponta conforto como bem-estar, comodidade material e aconchego; aquilo que fortalece ou revigora. Será que na arquitetura podemos seguir essa mesma linha? É interessante voltarmos à década de 70 para observar um dos apontamentos do arquiteto alemão Otto Koenigsberger que, há mais de quatro décadas, afirmou: conforto ambiental é a sensação de bem-estar completo físico e mental criada por um arquiteto no ato de projetar.
Se humanizar é uma das grandes tendências atuais da arquitetura corporativa, não podemos deixar de considerar que um espaço humanizado é, impreterivelmente, um espaço confortável.
Lá atrás, a arquitetura já reconhecia seu peso na hora de construir espaços confortáveis e que promovessem o bem-estar humano. Hoje, não podemos permitir que esse conceito se perca. Muito pelo contrário, é indispensável que o apliquemos em todos os trabalhos arquitetônicos que são desenvolvidos.
O ambiente de trabalho é predominantemente o espaço no qual as pessoas passam grande parte do seu dia. E permanecer mais de oito horas dentro de um local desagradável, onde não há uma sensação de harmonia, indiscutivelmente causará problemas. O profissional pode ser dedicado, pode amar e se empenhar no trabalho. Mas se o espaço é inadequado, haverá interferência em seu comportamento e desempenho.
Quando pensamos em conforto, é preciso analisar tudo o que torna um espaço confortável. Além de análises térmica, visual e acústica, que auxiliarão na criação de um espaço de trabalho extremamente interessante, é preciso pensar na rotina específica de cada grupo de trabalho.
De nada adianta, por exemplo, construir um escritório lindo, com cores que estão devidamente adequadas à rotina dos profissionais, com mobiliário de qualidade e bastante ergonomia, se não for previsto um espaço perfeito para que as necessidades do dia a dia sejam atendidas.
É preciso pensar na quantidade correta de armários para armazenar tudo o que for preciso a fim de evitar que haja bagunça. É indispensável pensar em móveis que permitam que os fios dos equipamentos eletrônicos não fiquem pelo caminho. É preciso garantir que as pessoas tenham liberdade para trabalhar com conforto e segurança além da sua própria mesa, pois hoje os espaços necessitam de flexibilidade. É importante ter espaços diferentes e alternativos para pequenas reuniões, não limitando os encontros coletivos às salas de reuniões tão disputadas nas grandes empresas (até mesmo por que as vezes o time só precisa de um bate-papo em conjunto por nada mais do que 40 minutos). E, por fim, é necessário considerar o entorno da empresa, para entender como é o comércio e que tipo de necessidades podem surgir durante o expediente (locais afastados, onde não há padarias, restaurantes ou pequenas lanchonetes, devem ofertar espaços para que as pessoas se alimentem dentro da empresa).
Então, de forma resumida, o que significa construir um escritório humanizado que promova o conforto ambiental? É conhecer o cliente, entender suas necessidades e desejos, elaborar sugestões que compreendam a nossa rotina de hoje em dia, no qual tecnologia aliada à desenvolvimento permitem muito mais mobilidade, flexibilidade e dinamismo. É pensar em um projeto para cada caso, e não em projetos padronizados. É entender que o ser humano é um ser individual sem deixar de considerar o coletivo. É imaginar-se trabalhando no espaço que projetou, analisando como se sentiria ao estar ali cinco ou mais dias por semana, oito ou mais horas por dia.