Estamos em um momento de transição. Aquele formato tradicional de escritórios, onde a individualidade era priorizada e os funcionários ansiavam por um amplo espaço de trabalho para dominar com seus pertences pessoais, já não faz mais tanto sentido. Para os projetos corporativos que estão por vir, a tendência é a humanização e a colaboração.
Visitandoa edição 2017 do Salão do Móvel de Milão, Lisandra Mascotto, da RS Design, confirma essa novidade: a ideia é criar espaços colaborativos, onde as pessoas possam conviver de forma agradável ao mesmo tempo em que realizam seus afazeres do dia a dia. “Pensemos em escritórios para que os profissionais possam interagir de todas as formas, onde possam se comunicar”, comenta ela diretamente da Itália.
É sabido que a configuração do ambiente de trabalho interfere drasticamente nas atividades da empresa, bem como tem peso na forma como as equipes colaboram entre si. E, para auxiliar essa mudança de comportamento, temos a tecnologia como aliada. Em 2011, a Cisco publicou um whitepaper que afirmava que até 2013 o celular seria o dispositivo mais comum para acesso à internet. E eles estavam certos. Hoje estamos em 2017 e a última pesquisa TIC Domicílios, do IBGE, confirmou que 89% da população brasileira acessa a rede principalmente por meio de smartphones.
Se antes precisávamos de espaço para computadores com CPUs enormes e monitores de tubo, juntamente com jornais e revistas impressos e documentos físicos, hoje estamos muito mais enxutos em questão de espaço. Com um ultrabook somado a um smartphone, muitos profissionais têm em mãos tudo o que precisam para desempenhar suas atividades com excelência. “O escritório não é mais estático. Aliado à alta tecnologia, conseguimos essa mobilidade que se converte em inúmeros benefícios para a saúde e o bem-estar dos trabalhadores”, declara Lisandra.
Humanizar, aproximar pessoas e trabalhar em equipe, mesmo à distância, gera bons resultados. “Não queremos mais ser tratados como máquinas que estão ali apenas para produzir. O escritório deixou de ter cara de escritório para ter espaços gostosos, com aspecto de casa”, destaca Lisandra que visitou um dos pavilhões da mostra onde foram montadas diversas áreas anti-estresse que mudam de cor para atender às necessidades pontuais das pessoas.
Adaptação – As gerações precisam conviver em harmonia
A inserção desta nova tendência deve ser feita de forma gradual e muito bem planejada. De nada adianta ignorar as características do corpo de trabalho, não se dedicar a conhecer a demografia do cliente, e sugerir um espaço moderno, com bancadas amplas e diversos espaços de convivência se grande parte dos funcionários da empresa pertence à geração X (nascidos entre os anos 1960 e 1980) e está habituada a um cenário completamente diferente deste descrito.
“É importante manter expectativas realistas. Mudanças drásticas não podem acontecer de uma hora para a outra. É preciso ir com calma. Não há como mudar de um escritório tradicional com estações de trabalho para um espaço com largas bancadas sem causar barulho. É um processo que leva tempo e exige planejamento claro sobre tudo o que será necessário para a alteração”, comenta Michael Pereira, diretor sênior de soluções workplace da Polycom, líder em produtos para videoconferência.
A própria tecnologia já causa bastante estranheza para os profissionais mais antigos que foram obrigados a aceitar e utilizar tantos dispositivos novos em suas rotinas. “A colaboração remota online por meio de mensagens instantâneas já é uma realidade. Quando essa nova geração faz uma chamada telefônica, é comum que o contato esteja sendo realizado por vídeo. Por isso é fundamental estar ciente das diferenças entre as gerações para conectar os pontos entre essas duas visões e fazer com que todos possam ser produtivos e sintam-se confortáveis”, finaliza Pereira.
É indispensável haver um equilíbrio e uma flexibilidade para que a gestão corporativa abrace de forma igualitária todas as gerações que ali trabalham. Com a chegada da geração Z no mercado (nascidos entre 1992 e 2010), há essa tendência à modernização precoce, mas é preciso ter cuidado e, acima de tudo, muito estudo. Mudanças precisam ser bem apresentadas. Não podemos chegar a um profissional que esperou a vida inteira por uma sala executiva própria e completamente fechada, independente de todo o resto da empresa, e comunicá-lo que agora ele trabalhará junto com toda a equipe, sem qualquer privacidade. Isso pode acarretar em prejuízos ao ambiente de trabalho. Por isso reforçamos: planejamento, equilíbrio e flexibilidade são as palavras-chaves.