A opção por ambientes de trabalho no formato open space, ou seja, com poucas – ou nenhuma – divisão entre salas e departamentos vem sendo apresentada como tendência da arquitetura corporativa nos últimos tempos. Porém, após alguns anos de utilização de espaços nesse estilo, estudos mostram que nem tudo é perfeito quando a empresa aposta em retirar todas as paredes de seus escritórios.
Chegamos, então, à hora de analisarmos o outro lado dos espaços de trabalho open space. Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Harvard, nos EUA, analisou o impacto do ambiente aberto na colaboração entre os profissionais para entender como esse formato tão queridinho pelas empresas pode mudar os padrões de interação humana. Esse foi o primeiro estudo a medir empiricamente essa mudança comportamental.
Para compreender de forma mais assertiva essas mudanças, foram realizados dois estudos de campo que, usando dados digitais e dispositivos eletrônicos atrelados a servidores de comunicação, observaram os e-mails dos funcionários e, também, as interações via mensagens instantâneas nos smartphones.
E o resultado merece atenção de todos que trabalham com arquitetura corporativa: ao contrário do que se esperava, o volume de interação pessoal diminuiu cerca de 70% nos dois estudos, sendo que a interação digital aumentou. O que os pesquisadores concluíram é que em vez de estimular um contato físico entre as pessoas, o formato open space gerou um afastamento social que passaram a trocar mais mensagens virtuais.
Números do estudo
O primeiro teste foi realizado na sede de uma multinacional, empresa que redesenhou seu escritório para um formato open space. Participaram da análise 52 profissionais que utilizaram um sensor para medir suas interações físicas com colegas de trabalho e tiveram suas caixas de e-mail monitoradas em duas fases distintas: durante três semanas antes da mudança da infraestrutura e por outras três semanas após a mudança.
Embora a intenção com a mudança para um espaço open space fosse aumentar a interação e a coletividade, o estudo apontou que os 52 participantes passaram 72% menos tempo interagindo com os colegas. Antes do redesenho do espaço, eles passaram 5.266 minutos interagindo. Após a mudança, apenas 1.492 minutos.
Já o segundo teste, também em uma multinacional, considerou um grupo de 100 trabalhadores analisados durante o processo de redesign do escritório que saia de um formato de baias para um modelo mais aberto. Desta vez, os dados foram coletados por oito semanas antes e oito semanas após a mudança de infraestrutura do ambiente e a diminuição da interação pessoal variou entre 67% e 71%.
O que o arquiteto pode fazer?
A neuroarquitetura está em alta justamente para aproveitar todos os estudos elaborados por especialistas transformando os resultados em melhorias efetivas para as empresas. Nesse caso, tendo a comprovação de que investir isoladamente em um escritório open space pode diminuir a colaboração entre os pares em vez de aumentá-la, mas também considerando que existem ainda muitos pontos benéficos desse tipo de estrutura (como, por exemplo, ser um facilitador para a troca de conhecimentos, reduzir o impacto negativo da hierarquia, melhor utilização do espaço, economia e versatilidade), o que o arquiteto corporativo precisa fazer para manter as vantagens e eliminar as desvantagens?
Nós, da RS Design, acreditamos que o caminho está em investir em um projeto open space priorizando espaços que estimulem o contato entre os pares. Ou seja, quando um escritório opta por “derrubar” suas paredes, ele também precisa apostar em pontos de colisão e em estruturas que façam com que as pessoas se encontrem para a tão almejada cultura colaborativa.
Um excelente exemplo está nas salas de descontração, onde assentos mais descolados como arquibancadas, pufes e sofás estão à disposição do público interno que conta, também, com mesas de jogos, redes, videogames e outras ações de ações para serem praticadas coletivamente.
Além disso, os escritórios também podem estimular as pessoas a almoçarem juntas disponibilizando um refeitório agradável e fazer com que os pares se encontrem em espaços ao ar livre (quando a estrutura do prédio permitir). Nessa última opção, conseguem inclusive colocar essas pessoas em um contato mais próximo com a natureza, o que – seguindo as premissas da biofilia (leia mais sobre o tema AQUI) – é extremamente benéfico para os seres humanos.
Aproveite para conferir mais tendências de humanização de ambientes de trabalho clicando AQUI. O Espaço do Arquiteto tem muito conteúdo sobre esse tema para auxiliar seus projetos corporativos.