Como seria a construção de uma cidade ideal? Meta de centenas de planejamentos urbanos pelo mundo, elaborar o escopo do que seria uma metrópole perfeita passa por inúmeros questionamentos e, de fato, não há uma receita pronta a seguir. Até porque uma cidade precisa atender às necessidades da população. E essas necessidades estão em constante mudança.
Mas por qual motivo pensar nesse assunto pode ser bom para projetos corporativos? Pois seguindo as tendências empresariais atuais, um escritório precisa atender às demandas de seus usuários assim como as cidades precisam oferecer a estrutura necessária para uma boa qualidade de vida populacional.
Observemos a citação do urbanista dinamarquês Jan Gehl sobre a cidade ideal: “primeiro formamos as cidades, depois elas nos formam”. O que um empresário espera quando monta um escritório? Espera consolidar uma equipe motivada e produtiva, que contribua com as metas da empresa e melhore os resultados da companhia. Então a arquitetura desse escritório precisa estar alinhada com o urbanismo de uma cidade perfeita. Somente assim conseguirá formar bons profissionais.
Mas vamos à prática! Como é pensada a cidade ideal?
Para trabalhar esses conceitos, Gehl listou 12 critérios, todos eles colocando os cidadãos como o foco dos projetos. Nos escritórios modernos também é assim: a arquitetura corporativa projeta para pessoas, não para CNPJs. Dos 12 critérios apresentados pelo especialista, destacamos seis que podem ser totalmente incorporados à elaboração de projetos empresariais. Confira a seguir:
Espaços para caminhar – O projeto corporativo deve evitar espaços muito aglomerados, com pouca área de circulação. Empresas modernas estimulam a movimentação e geram, em seus funcionários, o desejo de se locomover. Esse deslocamento é proveitoso em inúmeros aspectos. Recentemente, inclusive, publicamos um post que fala como a caminhada é motor da criatividade. Clique AQUI para conferir.
Espaços de permanência – Uma das carências das grandes cidades trabalhadas pelos urbanistas é a falta de locais agradáveis, locais onde as pessoas queiram estar. Por isso tantos escritórios vêm trazendo conceitos residenciais à suas instalações. Quanto mais “em casa” o profissional se sentir, melhor para a dinâmica de trabalho. Fim da era de escritórios extremamente formais e frios, quadrados e sóbrios. Chegamos à década da leveza, da descontração e das formas orgânicas (e muito mais agradáveis).
Espaços para descanso – Se as cidades contam com praças e parques para que quem está em movimento possa parar e descansar por um momento, os escritórios investem nas salas de descontração: locais onde os trabalhadores podem tirar alguns minutos do seu dia para esvaziar a mente, descansar o corpo para, então, retomar rumo a um novo turno de atividades. Salas de descontração também espelham projetos de metrópoles bem planejadas.
Espaços para contemplação – Locais onde a população possa contemplar as perspectivas da cidade é um dos critérios listados pelo urbanista. E isso também se encaixa nos escritórios. Pensemos em prédios fechados, onde as pessoas permanecem 1/3 de seus dias. Elas precisam de descanso visual. Precisam de natureza (como dizem diversos posts do Espaço do Arquiteto que você pode ler clicando AQUI). Então ter janelas amplas que dão vista à cidade em movimento, investir em terraços gramados e arborizados, ou mesmo trazer para as paredes painéis que remetam a cenas da natureza. Tudo isso é válido quando se planeja um escritório corporativo.
Espaços para interação – Se espaços públicos devem contar com locais que convidem as pessoas a interagir, as empresas também precisam disso. Foi-se o tempo em que cada um deveria permanecer isolado em sua baia e que isso era sinônimo de produtividade alta. Hoje, com os estudos da neurociência aplicada à arquitetura, sabemos que a socialização e a interação entre os times são fatores positivos na motivação e produtividade das equipes. Estimular – por meio do espaço físico – esse contato entre os profissionais é estratégico. Para isso, é possível investir em refeitórios amplos que sejam atrativos para que as pessoas almocem juntas; apostar em salas de jogos e em locais abertos onde todos podem se ver e conversar de forma mais livre.
Espaços para se exercitar – A vida sedentária é uma das mazelas da sociedade moderna. Por isso as prefeituras buscam sempre fomentar a importância do movimento do corpo – tanto que governos investem em equipamentos e parques públicos dedicados à prática de atividades físicas. Empresas que estimulam essa prática são muito bem quistas pela comunidade trabalhadora. A inclusão de salas de ginástica, com esteiras, bicicletas e até mesmo pequenos locais para a prática de ioga cumprem esse papel.
Em resumo, o que a arquitetura corporativa precisa de fato compreender é que os escritórios são espaços projetados por seres humanos e para seres humanos. Ao elaborar um projeto corporativo, esse profissional não deve se manter preso apenas às atividades da empresa. Deve, sim, conversar com os profissionais que nela atuam para compreender melhor suas necessidades, ouvir suas reclamações e, por meio do design e da arquitetura, tentar suprir essas lacunas. O resultado virá em forma de satisfação dos funcionários refletindo em metas batidas e sucesso.