O mundo está falando sobre ESG, sigla para Environmental, Social and Governance (Ambiente, Social e Governança em tradução livre para o português). Tanto que, de acordo com o jornal Valor Econômico, em 2021 a busca pelo termo triplicou e o Brasil foi o país latino-americano que mais pesquisou o assunto no Google no período.
As empresas, interessadas em melhorar seu valor no mercado e, com isso, atrair mais investimentos, começaram a apostar nessa temática. Será que a arquitetura corporativa, se bem aplicada, pode se tornar mais um ativo para a empresa que busca atender a essa demanda?
O fato é que das três áreas integradas ao conceito de ESG, a arquitetura corporativa consegue contribuir de forma grandiosa com duas delas: ambiental e social. Falaremos, então, sobre cada uma.
Ambiental
O ponto principal é que muitas empresas passaram a utilizar do greenwashing, estratégia de marketing para simular preocupações com sustentabilidade que não se consolidam na prática (algo como uma propaganda enganosa). Porém, quando se trata de ESG e da fiscalização que vem sendo feita em cima das ações, essa deixou de ser uma alternativa, até mesmo porque um dos caminhos para a comprovação das estratégias de contribuição com o meio ambiente está na publicação de relatórios de sustentabilidade.
Como, portanto, o layout do espaço pode se adequar? Existem diferentes alternativas e o ideal é contar com o auxílio de um arquiteto especialista que conseguirá, primeiramente, mapear as possibilidades e, na sequência, desenvolver um projeto para colocar as intervenções em prática.
Para ter um escritório alinhado com as melhores práticas ambientais, a empresa pode:
- aderir à coleta seletiva (lembrando que alguns ramos de atividade têm legislações específicas para isso);
- investir em mobiliário flexível, ou seja, que consegue se adaptar a realidades diferentes para momentos diferentes, evitando a substituição;
- reduzir o consumo de água e, se possível, instalar ferramentas para o melhor aproveitamento desse bem;
- investir em alternativas para a redução do consumo de energia, como a utilização de sensores de presença, manutenção preventiva no ar condicionado, e preferência pela ventilação e iluminação naturais;
- adotar fontes de energia renovável, como a energia solar;
- apoiar a utilização de transportes alternativos, oferecendo bicicletário e benefícios para quem deixa o carro em casa e estimulando o uso de automóveis elétricos ou de baixa emissão.
Social
Respeitar o capital humano é uma das premissas básicas da vertente social do ESG. E, nesse sentido, a arquitetura tem muito a contribuir. Isso porque a construção de um espaço saudável tanto para o corpo quanto para a mente é fundamental para que a empresa demonstre esse respeito. Portanto, entre as possibilidades arquitetônicas para a contribuição com a premissa ESG estão:
- promoção das boas relações interpessoais no ambiente de trabalho, estimulando o contato entre os pares e oferecendo espaços dedicados ao trabalho colaborativo e à troca de experiências;
- garantir um espaço adequado – que pode ser uma pequena sala bem equipada – para que as mulheres lactantes possam amamentar seus bebês (ou fazer a retirada do leite materno) sem incômodo, pressão ou desconforto;
- construir um ambiente de trabalho que respeite as diferentes gerações usando, como base, os princípios da flexibilidade e oferecendo, por exemplo, tanto espaços colaborativos quanto locais mais privativos e silenciosos para que as pessoas possam trabalhar dentro de suas necessidades pontuais;
- estimular a vida saudável oferecendo um bom espaço de refeitório para que as pessoas possam fazer suas refeições com qualidade, priorizando sempre a alimentação saudável e, por vezes, até mesmo estimulando o contato com a natureza por hortas e jardinagem;
- incentivar a prática de atividade física oferecendo benefícios como uma sala de ginástica com ou sem equipamentos e o acompanhamento de um personal trainer para que as pessoas possam tirar alguns minutos do dia para praticar uma atividade.
Um dos caminhos para a construção de locais de trabalho alinhados com os conceitos de ESG está na neuroarquitetura que, justamente, avalia como o ambiente construído impacta a vida e o comportamento do ser humano. Ficar atento aos mais recentes estudos comportamentais garante uma bagagem de conhecimento excelente para ser aplicada nos projetos corporativos.