Na arquitetura corporativa estamos diariamente analisando quais as principais tendências, como foram montados os escritórios mais modernos, e quais os investimentos em infraestrutura que as grandes empresas estão fazendo. Mas o arquiteto corporativo não pode, nem por um momento sequer, se afastar da ideia de que cada empresa é um organismo vivo, com suas particularidades, individualidades e necessidades.
Isso tudo para dizer que qualquer projeto corporativo precisa, mais do que seguir o que está ditando a moda atual, ter coerência com a missão, a visão e os valores da companhia.
“Entender a empresa é fundamental para o desenvolvimento de áreas que realmente farão sentido para as pessoas que trabalharão naquele ambiente”, comenta Lisandra Mascotto, da RS Design, reforçando que é isso que tornará as equipes mais produtivas. “Não faz sentido, por exemplo, termos um espaço todo inspirado na era Google se a empresa for extremamente tradicional. Provavelmente os colaboradores sentirão vergonha de usar aquela estrutura”, esclarece.
Clicando AQUI, você verá um post em que falamos sobre a coerência cultural. Neste texto, mencionamos ser indispensável adaptar as tendências mundiais à realidade do nosso país. O mesmo pensamento deve ser refletido na hora de entender a cultura da empresa e aplicar, ali, as estratégias mais interessantes para atender às suas demandas e desejos.
O que é necessário analisar para compreender melhor a cultura das empresas antes de iniciar o desenvolvimento de um projeto arquitetônico? Em primeiro lugar, é preciso visitar o espaço. Conhecer o dia a dia das pessoas, assistir à movimentação dos times, ver quais são seus hábitos, que hora eles chegam, que horas vão embora, se almoçam dentro da empresa ou saem para comer fora, se usam muitas ferramentas fixas, ou se têm trabalhos mais móveis. Tudo isso, quando colocado em um relatório, permite uma análise mais aprofundada do dia a dia daqueles profissionais.
Na sequência, é preciso entender que nem tudo o que é um hábito, é agradável (e saudável). Às vezes, por exemplo, as pessoas apenas saem para almoçar fora por não terem um refeitório aconchegante e equipado. Tantas vezes preferem chegar cedo ao escritório para ter mais momentos de silêncio para desenvolver suas atividades que exigem concentração. Tudo isso só pode ser desvendado pelo diálogo. Selecionar representantes para conversar e entender o que eles mudariam em suas rotinas é uma alternativa bastante viável para uma maior percepção por parte do arquiteto.
Depois de toda essa pré-análise, é possível definir qual a melhor estratégia. E, se a empresa quiser estimular os times a abraçar uma nova cultura – como, por exemplo, uma cultura colaborativa – é possível criar um projeto com esse objetivo. “Mesmo quando a empresa não tem, por hábito, trabalhar de forma colaborativa, quando é oferecido um ambiente flexível e mais informal, os profissionais passam a vivenciar suas atividades de forma diferente”, comenta Lisandra.
Segundo a especialista, o ambiente impacta as pessoas e muda a forma como elas pensam e agem. “Um escritório pode ser criado exatamente com essa função. E, junto com o departamento de Recursos Humanos, a empresa pode quebrar as barreiras e mostrar que os resultados podem ser muito melhores sob uma nova cultura”, completa.
É por esse motivo que a coerência nunca pode ser deixada de lado. Seja na hora de trazer ideias e tendências mundiais para o Brasil, seja na hora de incorporá-las a ambientes de trabalho já em funcionamento. Desenvolver espaços estratégicos é papel do arquiteto corporativo. Fazer com que essa estratégia esteja totalmente alinhada às necessidades e à cultura da empresa, também.