O jornal O Estado de S. Paulo publicou, nesta semana, um novo guia que promete ajudar a população nacional a compreender melhor as características peculiares da Geração Z, nascidos entre 1990 e 2010. Recentemente publicamos, aqui no Espaço do Arquiteto, um post que mostrava, com base em estudos e pesquisas, que um dos erros dos gestores corporativos era interpretar esses jovens trabalhadores como se eles tivessem o mesmo perfil dos Millenials (confira o texto AQUI). Portanto, estar atento a esses materiais é bastante importante, inclusive para quem projeta ambientes de trabalho que precisam atender às demandas desses jovens talentos.
O documento já traz, logo na capa, uma definição bastante importante quando o assunto é arquitetura para Geração Z: são jovens hiperconectados, que influenciam a sociedade com seus comportamentos e querem ser ouvidos. Se essa juventude é hiperconectada, não há como pensar em um espaço corporativo que os atenda se ele não tiver o que há de mais moderno em termos tecnológicos, como a possibilidade de reservar postos de trabalho e salas de reunião remotamente, boa infraestrutura de Internet para acesso rápido de qualquer lugar do escritório, e sistema de videoconferência ágil e em pleno funcionamento para as necessidades do modelo híbrido de trabalho.
Outro ponto destacado é que esses jovens trabalhadores prezam demais pelo equilíbrio entre a vida profissional e a vida pessoal, priorizando, sempre, a saúde mental. Eles estão dispostos, por exemplo, a trocar de emprego caso a empresa os force a trabalhar presencialmente todos os dias, sendo que estipular um modelo em que haja dias presenciais e dias remoto mostra-se um caminho interessante.
Além disso, são jovens que valorizam a sua individualidade. Eles não tentam, pelo menos não de forma tão assídua como as gerações anteriores, a se adequar a um padrão comum. Nesse sentido, surgem, naturalmente, críticas dos gestores que não vivenciam essa geração.
Um estudo mencionado no guia do Estadão e realizado nos Estados Unidos pela Intelligent mostra que esses jovens têm sido criticados pelas roupas inadequadas utilizadas no trabalho, pela falta de habilidades de comunicação (eles preferem conversar com o ChatGPT do que com o próprio chefe), pela dificuldade em cumprir horários, rotinas e em gerenciar sua própria carga de trabalho. Sofrem, também, com questões que parecem básicas para as Gerações Z e Y: não sabem usar o computador, afinal, cresceram com celular e tablet nas mãos.
Aqui vemos, então, que o espaço corporativo precisa entender essa visão ofertando possibilidades diferentes para perfis diferentes. E, com isso, tentar driblar essas dificuldades, afinal, esses jovens precisam estar nas empresas, não há como fugir.
Para quebrar a questão da comunicação, a opção por um layout mais horizontalizado, que elimine as barreiras hierárquicas e coloque todos os níveis profissionais em uma mesma linha, facilitando o diálogo pode ser estratégia eficiente. É muito mais difícil, por exemplo, tentar conversar com um chefe que passa o dia fechado em sua própria sala, parecendo ocupado demais para uma conversa com seus subordinados.
Em paralelo, porque não permitir que eles saiam da sua tradicional estação de trabalho com mesa e cadeia ergonômicas para trabalhar com seu notebook (ou qualquer outro dispositivo eletrônico) no refeitório, no jardim ou mesmo nos pufes espalhados pelo ambiente? Para isso, basta criar esses espaços e intervir na cultura corporativa mostrando que todo lugar pode, sim, ser um lugar de trabalho.
De certa forma, quando a empresa entende que a Geração Z tem suas necessidades específicas, ela se mostra aberta a ouvir esses jovens trabalhadores, gerando impacto positivo, inclusive, na saúde mental deles. O guia mostra, também, que esse pessoal é muito ansioso, tem menos esperança no futuro, e sofre com transtornos como FOMO e FOLO que classificam dois tipos de medo que surgem no uso das redes sociais, sendo que FOMO (do inglês Fear of Missing Out) representa o medo de perder alguma experiência ou informação aparentemente importante; e FOLO (do inglês Fear of Logging off) diz respeito ao medo de estar desconectado.
Com tudo isso (e com as mais de 60 páginas do guia publicado pelo Estadão) percebemos que lidar com a Geração Z no mercado de trabalho é, sim, desafiador e que o arquiteto responsável pela elaboração do layout dos escritórios tem um papel importantíssimo para ajudar a minimizar esse desafio.
Confira AQUI o guia completo!