O que era raro, passou a ser comum (e obrigatório). Quando a covid-19 se espalhou pelo mundo, os escritórios fecharam suas portas e muitos colaboradores se viram obrigados a trabalhar de casa, independentemente das condições ambientais e psicossociais que a residência oferecia. Foi um período bastante difícil para pessoas que não tinham a infraestrutura adequada para desempenhar bem suas funções profissionais.
Tentando compreender como esse período abalou os trabalhadores, o estudo “Profiling office workers based on their self-reported preferences of indoor environmental quality and psychosocial comfort at their workplace during COVID-19“, feito na Holanda, entrevistou 502 funcionários de dez empresas sobre como eles se sentiam no último ano (a pesquisa foi feita ao final de 2020 e o lockdown iniciado no primeiro trimestre daquele ano).
Os selecionados responderam perguntas sobre condições de saúde que os afetaram naquele ano; sobre qual o ambiente de trabalho mais utilizado nos últimos 30 dias e seu nível de satisfação com ele; e sobre o controle que eles tinham de temperatura, ventilação, iluminação e ruído do local onde estavam trabalhando.
Alguns achados que surgiram são interessantes, como o fato que o número de fumantes subiu de 14% para 36% (utilizando estudo anterior similar como comparativo) e o percentual de pessoas que declararam ter sofrido algumas condições específicas de saúde também aumentou:
- Eczema – de 11% para 18%
- Enxaqueca – de 8% para 13%
- Depressão – de 4% para 10%
- Ansiedade – de 2% para 17%
- Problemas psiquiátricos – de 3% para 6%
Como esses aumentos podem ser justificados? O estudo sugere que as taxas de ansiedade e depressão podem ter crescido devido à instabilidade financeira que assolou muitas famílias neste período, a conexões sociais prejudicadas pela covid-19, e a conflitos domésticos ampliados pelo maior tempo de contato dentro de casa.
Claro que as condições também foram drasticamente alteradas quando todos tiveram de aderir ao home office. Porém, no estudo, a maioria não se queixou do ambiente em si. Mesmo assim, ainda nesse aspecto, a pesquisa relata que luz natural e presença de janelas foram apontados como aspectos muito importantes pelos participantes (que tal ler navegar pelo nosso blog e ler os posts que falam de biofilia?). Além disso, qualidade da luz artificial, odores, ruídos internos e externos, temperatura e ventilação também foram destacados com importância para o bem-estar durante o período de trabalho.
Sobre a possibilidade de controlar esses aspectos, o que mais se destacou como relevante foi o controle de temperatura. Além disso, foram encontradas diferenças estatisticamente significativas na presença e companhia de outras pessoas (a tal sociabilidade que conseguimos nos escritórios e perdemos no home office).
Por fim, o estudo sugere que o home office pode ser motivo de preocupação, pois aumenta a prevalência de ansiedade e depressão, além de interferir negativamente em outras questões de saúde física como enxaqueca e eczema.