Já ouviu falar sobre homeostase? No caso dos humanos, trata-se da capacidade de promover um equilíbrio interno necessário diante de mudanças externas. Quando, por exemplo, estamos expostos ao calor extremo, nosso organismo sente necessidade de baixar a temperatura, que acaba elevada. Por isso produzimos o suor.
Abordamos esse assunto em um espaço dedicado à arquitetura corporativa, pois ele tem muita importância nesse setor. Quando reconhecemos que o ambiente construído tem alto impacto na rotina, na saúde e na dinâmica dos seres humanos, trazemos a homeostase para debate. Isso porque se o escritório (ambiente externo) provoca alterações internas em seus ocupantes, ele também pode ajudar a equilibrar essas necessidades, tornando-se um local mais saudável para todos.
O foco, hoje, é falar sobre esse equilíbrio necessário em três aspectos. Vamos lá!
Sociabilidade
Recentemente, a Folha de S. Paulo entrevistou Robert Waldinger, professor de psiquiatria da Universidade de Harvard, sobre qual a chave para uma vida mais feliz e saudável. O especialista foi taxativo ao afirmar que o segredo está nos relacionamentos cultivados, visto que boas relações ajudam a reduzir os níveis de estresse e também influenciam na forma como os seres humanos lidam com dificuldades e situações desafiadoras.
E, como já enfatizamos aqui anteriormente, o espaço de trabalho pode ser um espaço excelente para a construção de relações sociais de excelência. Para isso, o ambiente precisa estimular esses contatos.
Pensando nisso, o projeto arquitetônico pode estruturar locais específicos para a socialização. São ideias, por exemplo, espaços agradáveis de pausas para um café no meio do expediente, com bancadas ou bistrôs para que as pessoas sentem por alguns minutos para conversar. Além disso, pode-se planejar salas de descompressão com mesas de jogos como sinuca, ping-pong e pebolim, sofás e televisões para partidas de videogame, e até mesmo oferecimento de serviços como manicure e massagem de forma gratuita.
Para as empresas, esse espaço não deve ser interpretado como um local de redução da produtividade. O ócio criativo é importante e pausas durante o expediente são necessárias para melhorar a motivação e, por consequência, os resultados dos trabalhadores.
Espaços contemplativos
Se as salas de descompressão se tornaram bastante comuns nas grandes empresas, espaços contemplativos ainda estão ganhando espaço no mercado. Para que eles servem? Para aliviar o estresse de uma rotina intensa de trabalho.
Esses locais podem ser pensados de diferentes formas. A primeira que mencionaremos está na liberação de quintais, varandas ou terraços para os trabalhadores ocuparem tendo a possibilidade de observar o “mundo lá fora”. As pessoas passam, às vezes, mais de oito horas dentro do escritório e a necessidade de respirar um pouco de ar e olhar para cenas diferentes é inata e contribui com o equilíbrio almejado.
Outro benefício desses espaços está na saúde ocular. Oftalmologistas sugerem que quem trabalha por muitas horas diante de telas (como smartphone, tablets e computadores) acaba tendo a saúde dos olhos prejudicada.
Uma forma de amenizar esse impacto está em fazer pausas periódicas, desviando o olhar da tela (olhar de perto) para observar para o horizonte (olhar de longe). Em terraços essa possibilidade é simples e interessante. Segundo os especialistas, quando ficamos olhando para as telas, piscamos menos, deixando os olhos mais secos, e prejudicamos a musculatura do globo ocular. A Sociedade Brasileira de Oftalmologia diz que 90% das pessoas que passam mais de três horas por dia na frente de dispositivos eletrônicos têm sintomas de fadiga visual.
Outra possibilidade para espaços contemplativos está em construir uma sala sensorial que remeta, por exemplo, à natureza. Com som ambiente de floresta, paredes revestidas com uma adesivagem que imite o meio ambiente e até mesmo uma fonte de água corrente, pode ser uma boa alternativa que, inclusive, nos abre espaço para o terceiro aspecto: a biofilia.
Design biofílico
Por vezes nos distanciamos da natureza, mas a verdade é que nosso instinto pede o contato com o que é natural. Afinal, somos parte do planeta Terra! Quando falamos em design biofílico, a proposta está justamente em fazer, do ambiente de trabalho, um espaço que ajude a resgatar esse nosso contato com a natureza.
Não basta, apenas, inserir um mural verde ou alguns vasos de planta. O projeto precisa ser pensado com esse conceito. Janelas amplas que permitam a entrada tanto de ventilação quanto de iluminação natural, reduzindo a dependência do ar condicionado; um bom plano paisagístico que privilegia a inserção de plantas diversas; opção por mobiliário orgânico, ou seja, que traga linhas mais curvas e fluidas somado a texturas mais naturais e tons terrosos; som ambiente natural e até mesmo a instalação de paredes de água ou aquários e fontes que tragam a fluidez das águas para o espaço interno.
AQUI neste post, você entende a base do design biofílico, caso ainda não esteja familiarizado com o termo.
Por fim, a lição que pretendemos deixar ao mencionar esses três aspectos de equilíbrio à vida humana está na necessidade cada vez maior de o arquiteto, focado em projetos corporativos, entender a dinâmica da vida, as demandas dos trabalhadores e os aspectos promotores de saúde para construir espaços que tornem o dia a dia mais leve, mais saudável e mais acolhedor.
