Estudos mostram que, sim, voltamos à era das marmitas. Uma pesquisa da Sodexo Benefícios e Incentivos, divulgada pelo Portal G1, afirma que 65% dos profissionais entrevistados costumam levar comida pronta de casa para o trabalho. Essa atitude é bastante justificável, já que, com a inflação, uma refeição fora de casa tem custado, em média, R$ 40,64.
Além disso, muitas pessoas passaram a cozinhar a própria comida durante a pandemia e adquiriram hábitos alimentares mais saudáveis, preferindo manter essa rotina também durante a volta ao escritório para evitar o contato com outras pessoas em restaurantes lotados.
Mas o que essa observação tem a ver com a arquitetura corporativa? Considerando esse dado, empresas preocupadas com a qualidade de vida, a motivação e a satisfação de suas equipes, podem investir em melhorias nos refeitórios e espaços para o almoço dentro dos escritórios.
Pensando friamente, se mais da metade da empresa almoça dentro do ambiente corporativo, esse momento pode ser otimizado. Além de ofertar um espaço adequado, garantir que as pessoas possam almoçar em companhia umas das outras estimula a sociabilidade (essencial para nós, seres humanos, que somos seres sociais).
Outro dado interessante da pesquisa está na periodicidade com que as pessoas levam marmita para o trabalho:
- Sempre – 51,72%
- De 2 a 3 vezes por semana – 20,63%
- Nunca – 20,27%
- Uma vez por semana – 7,38%
Recentemente, publicamos um texto (confira AQUI) falando sobre como aproveitar espaços ociosos no ambiente corporativo e, na ocasião, mencionamos que o refeitório poderia ser modernizado para servir para a refeição, mas também para o bate-papo, breves reuniões, confraternizações e para a realização de atividades individuais ou mesmo coletivas.
Pensando nisso, separamos três sugestões interessantes:
1 – Abusar do verde e da natureza
Refeitórios que seguem os preceitos da biofilia tendem a ser mais agradáveis. A hora do almoço é o momento do dia em que os trabalhadores conseguem fazer uma pausa para relaxar. Nada melhor, então, do que fazer isso em um local que o aproxime da natureza. A proposta, aqui, pode ser escolher um espaço para refeitório que tenha mais entrada de luz solar e ventilação natural. Paralelamente, pensar em aplicação de murais verdes e vasos de plantas espalhados pelo espaço é interessante. Outro ponto positivo está na escolha do mobiliário. Optar por madeira natural, peças com toque e traços mais orgânicos e tons terrosos permite essa imersão em um cenário mais parecido com o meio ambiente.
2 – Diversidade
Outra boa estratégia para que o refeitório seja mais bem aproveitado durante e após as refeições está na diversidade de espaços de uso. Bancadas altas, mesas individuais, mesas redondas, bancadas coletivas, sofás e pufes ajudam a criar um ambiente multiuso, prático e capaz de atender à diferentes necessidades dos ocupantes.
3 – Iluminação natural, direta e indireta
Um ambiente bem iluminado é essencial para qualquer momento do dia. A mescla de formas diferentes de iluminação é agradável. A entrada de luz natural, obviamente, tem sido a preferência, mas nem sempre é viável, principalmente em grandes centros urbanos onde os escritórios às vezes ocupam espaços amplos em prédios comerciais e, portanto, muitos locais ficam longe das janelas. Mas é possível reverter esse cenário com um bom projeto luminotécnico que mescla iluminação direta e indireta bem como aposta na variação de luz quente, fria e neutra.
Como citamos no início do artigo, temos uma pesquisa nacional que direciona nossa percepção a uma predominância de trabalhadores levando marmita para o escritório. Porém, essa realidade não é universal. Uma empresa, por exemplo, que concentra muitas pessoas que trabalham visitando clientes, não terá essa demanda.
Vale, sempre, lembrar que cada companhia tem suas particularidades e cultura próprias e é muito importante que o arquiteto ou designer que se responsabiliza pelo layout de um ambiente corporativo sempre observe quais os hábitos dos ocupantes. Ao mesmo tempo é necessário conhecer as tendências de comportamentos que norteiam nossa sociedade. Dessa forma, ao “juntar as peças” entre movimentos da sociedade e particularidades de cada empresa, os profissionais de arquitetura e design têm grandes chances de realizar um projeto assertivo, humanizado e que seja plenamente atualizado aos nossos tempos.