Você já ouviu falar em medicina do estilo de vida? Esse conceito que está a cada dia mais difundido nos debates sobre manutenção da saúde diz respeito à uma assistência multiprofissional – ou seja, envolvendo várias especialidades – com foco total na criação de hábitos de vida saudáveis. Baseada em evidências científicas, essa modalidade da medicina atua para que a qualidade de vida das pessoas seja responsável por reduzir os riscos e as consequências de doenças crônicas não transmissíveis, principalmente as cardiovasculares, pulmonares, diabetes e câncer.
Segundo compartilhado pela Pebmed, portal de notícias médicas, estima-se que até 80% das doenças cardíacas, dos AVCs e dos casos de diabetes tipo 2 poderiam ser prevenidos se eliminássemos, de nossas vidas, alguns hábitos ruins como o cigarro, o sedentarismo, a alimentação desequilibrada e o abuso do álcool. Além disso, mais de um terço dos cânceres também poderiam ser evitados se cuidássemos desses fatores.
Mas por que estamos falando sobre medicina do estilo de vida, doenças crônicas e tudo o mais dentro de um portal de arquitetura corporativa?
Acontece que passamos cerca de 30% dos nossos dias – algumas vezes bem mais do que isso – dedicados ao trabalho. E se queremos ter qualidade de vida, não podemos jamais eliminar o nosso ambiente profissional das estratégias traçadas para vivermos melhor.
Em uma série de conteúdos produzidos para o YouTube dentro do Festival Saber Viver, Lucas Medeiros, médico clínico geral e especialista em medicina do estilo de vida, fala sobre o conceito e diz que existem quatro pilares principais: conexão, atividade física, alimentação boa de verdade e períodos de pausa para gerenciar o estresse.
Se nos basearmos nesses quatro pilares – que Medeiros também chama de medicamentos do estilo de vida – percebemos a relevância do ambiente corporativo para a construção desse projeto.
Vamos falar mais detalhadamente sobre os impactos do trabalho em cada um deles?
• Conexão – Aqui no Espaço do Arquiteto, sempre falamos que somos seres sociais, ou seja, precisamos estar cercados de pessoas para nos sentirmos bem, acolhidos, amados e felizes.
Com a pandemia de COVID-19 que nos obrigou a um distanciamento social, a importância que damos à sociabilidade tornou-se ainda mais perceptível. Ao saírem do ambiente de trabalho para desempenhar as atividades sozinhas, em home office, muitas pessoas se sentiram solitárias. Tanto que diversas pesquisas que questionaram os prós e os contras do trabalho remoto destacaram que os trabalhadores sentiam falta da convivência diária com os colegas.
É justamente essa conexão que a medicina do estilo de vida aponta como pilar. Para Medeiros, precisamos “cultivar nossos laços afetivos”. E o ambiente de trabalho é excelente para isso. Pensando em infraestrutura, como um escritório pode impulsionar a criação dessas relações? Construindo espaços colaborativos para que os times possam trabalhar juntos; criando salas de convívio social para que os momentos de pausa possam ser coletivos; e desenvolvendo um ambiente amigável, onde há respeito pela diversidade e onde as demandas individuais conseguem ser atendidas. Como fazer isso? Apostando em um ambiente de trabalho flexível e multispace. Clique AQUI e saiba mais sobre isso.
Mas não é só a conexão humana que entra nesse pilar. A conexão com a vida, de forma geral, precisa ser estimulada. E aqui podemos falar sobre o contato diário com a natureza e trazer, mais uma vez, o conceito de biofilia. Está cada dia mais comum encontrar empresas que entendem a importância da nossa relação com elementos naturais e trazem esses elementos para dentro do escritório. Se você ainda não está tão familiarizado com a biofilia, temos ESSE POST que explica detalhadamente o termo.
• Boa alimentação – Não há quem, hoje, não saiba que uma alimentação saudável é indispensável para uma vida de qualidade. Segundo Medeiros, inclusive, o caminho é ter uma alimentação prioritariamente natural e vegetal. Claro que inserir a proteína animal é aceitável, mas não na alimentação do dia a dia. A sugestão é deixar as carnes para ocasiões especiais. Porém, mesmo sabendo disso, a rotina tantas vezes agitada e com mais atividades do que cabem nas 24 horas, nos leva ao fast food e aos alimentos extremamente industrializados. Péssimo hábito.
Como o escritório pode estimular uma alimentação mais saudável? Com um bom refeitório! E isso não deve ser local exclusivo das grandes corporações. Mesmo as empresas menores podem incorporar ao ambiente uma copa amistosa e agradável, onde há a estrutura necessária para que as pessoas levem suas próprias comidas ou façam refeições mais saudáveis. Comer um lanche todos os dias em frente ao computador há tempos deixou de ser aceitável.
• Atividade física – Precisamos nos movimentar mais. E quando Medeiros fala em movimento, ele não está se referindo única e exclusivamente ao exercício físico. Na opinião do especialista, qualquer movimento é importante. E se qualquer movimento vale, um escritório que estimula as pessoas a se moverem é essencial.
O escritório multispace – que comentamos acima – também tem essa característica. Quando você entende as necessidades diárias dos colaboradores, você pode criar espaços dedicados à cada atividade que ele vai desempenhar ao longo de sua jornada. Permitindo que ele trabalhe de locais diversos dentro do mesmo ambiente, estimula-se o movimento.
Em vez de ter um posto de trabalho fixo que ele deve ocupar pela manhã assim que chega ao trabalho e desocupar apenas no final do dia, que tal ter estruturas distintas? Bancadas compartilhadas, sofás, salas de reunião para encontros mais rápidos e informais, cabines telefônicas para ligações e videoconferências individuais, refeitórios, salas de ginástica e descompressão. Quanto mais diversidade, mais movimentação interna.
Isso sem falar que hoje em dia há, inclusive, mobiliários dedicados ao estímulo do movimento. Você já viu as mesas com regulagem de altura, que permitem que a pessoa possa ajustar a bancada e trabalhar um pouco em pé? E aquelas esteiras ou bicicletas ergométricas com suporte para notebook para quem quer continuar trabalhando enquanto caminha um pouco? As possibilidades são inúmeras e o projeto arquitetônico corporativo precisa acompanhar tudo o que vem surgindo para incorporar o que é válido em cada situação.
• Pausa para gerenciar o estresse – A vida tem sido estressante. E o Brasil consta no topo de alguns rankings mundiais de pessoas ansiosas. Com o novo coronavírus, então, esses níveis subiram de forma alarmante. As inúmeras preocupações com o dia a dia se multiplicaram e abriram espaço para novas tensões. Considerando que o estresse tem um impacto negativo muito forte na nossa saúde, é preciso aprender a lidar com ele. Se o trabalho pode ser uma fonte de estresse, a infraestrutura pode ser uma fonte redutora dessa tensão.
Algumas empresas têm apostado em ambientes mais acolhedores. Aqui entram os contextos da biofilia (que comentamos acima) e também locais para relaxamento. Há corporações que criaram salas totalmente voltadas à meditação, por exemplo. Espaços com um visual relaxante, um som ambiente que pode ser um som da natureza e aromaterapia. Além disso, todos os outros pilares da medicina do estilo de vida também contribuem para a redução da carga de estresse.
Por fim, é importante enfatizar que a infraestrutura arquitetônica de uma empresa precisa estar alinhada com a cultura organizacional. Não adianta, por exemplo, desenvolver um ambiente de trabalho totalmente amigável e que fortaleça as indicações saudáveis da medicina do estilo de vida, se as lideranças não estiverem alinhadas a esse propósito. É claro que o espaço físico vai impactar no comportamento das pessoas, estimulando-as. Mas é todo o alinhamento com as práticas de recursos humanos que vai resultar em uma empresa com pessoas produtivas, saudáveis e felizes.