Um projeto arquitetônico não tem seu ponto final quando a obra é entregue. Os profissionais de arquitetura devem permanecer em contato com o cliente para entender se há falhas que podem ser corrigidas e acertos que podem ser otimizados. É o que a classe chama de Avaliação Pós-Ocupação.
Baseada no princípio de que todo espaço construído precisa estar em constante análise para atender às demandas pontuais – e mutantes – da sociedade, a Avaliação Pós-Ocupação é realizada com uma série de técnicas e pesquisas que priorizam a opinião do usuário final.
Segundo Sheila Ornstein, professora da FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP), a primeira avaliação deve ser feita prioritariamente um ano após a ocupação dos imóveis. “Depois desse período, os ocupantes já se acostumaram com o edifício e com o bairro, têm uma opinião formada sobre os espaços e as condições de conforto ambiental e acústico. Além disso, já passaram as quatro estações do ano”, relata em entrevista concedida ao portal AEC Web (clique AQUI para conferir a entrevista na íntegra).
A FAU USP oferece, dentro da pós-graduação e concentrada na área de tecnologia da arquitetura, uma disciplina intitulada APO – Avaliação Pós-Ocupação do Ambiente Construído. Nas aulas, os participantes estudam métodos e técnicas que levem a obtenção de subsídios para corrigir, sistematicamente, possíveis falhas no projeto.
Entre os itens analisados em uma Avaliação Pós-Ocupação estão funcionalidade dos espaços, acessibilidade, sistema construtivo, conforto térmico e acústico, projeto luminotécnico, ventilação do ambiente e segurança.
Para Lisandra Mascotto, da RS Design, quando falamos na Avaliação Pós-Ocupação de ambientes corporativos, os resultados são ainda mais relevantes visto que espaços comerciais acabam impactando diariamente um número ainda maior de pessoas. “É importante acompanhar e verificar se os objetivos da empresa estão sendo alcançados. As áreas devem ser criadas estrategicamente para impactar pessoas e é necessário verificar se este impacto está sendo realmente positivo em conformidade com as estratégias traçadas”, pontua. A especialista afirma, ainda, que se for o caso pode ser feita uma análise da necessidade de mudanças ou remanejamento do projeto.
Conforme indicado pela professora Ornstein, a primeira avaliação deve ser feita um ano após a ocupação. Mas não deve se limitar a esse período. E, no caso do corporativo, o ideal é que o acompanhamento seja logo após a ocupação e depois com uma frequência planejada, conforme o tipo e tamanho da empresa.“Este acompanhamento deve ser periódico, de tempos em tempos, pois as necessidades podem mudar e o projeto tem que mudar junto”, ressalta Lisandra.
Além de contribuir diretamente com a melhoria do espaço que está sendo acompanhado, a Avaliação Pós-Ocupação tem um papel indispensável na consolidação de critérios que servirão de base para a elaboração de projetos semelhantes, o que faz com que cada projeto desenvolvido ganhe em eficiência e aceitabilidade.É uma das atividades do arquiteto que contribuem grandiosamente com a melhoria da qualidade de vida das pessoas além, claro, de qualificar o profissional que, a cada dia, fica mais valorizado no mercado.
Indicação de conteúdo – Junto com outras especialistas como Rosaria Ono, Simone Barbosa Villa e Ana Judite Galbiatti Limongi França, a professora Sheila Ornstein redigiu um livro sobre o assunto. “Avaliação Pós-Ocupação – Da teoria à prática” é uma obra lançada em 2018 pela editora Oficina de Textos que traz conhecimento conceitual e prático para a aplicação da avaliação em ambientes construídos. Destinada a arquitetos, urbanistas, engenheiros e designers, a publicação de 312 páginas promete muitas informações relevantes. Clique AQUI para ver um trecho do livro.