Modernidade, personalidade, preocupação com o bem-estar dos times? O que as empresas estão transmitindo ao público ao ter seus escritórios expostos nas redes sociais?
Atualmente é comum as pessoas postarem toda a sua rotina, e os espaços de trabalho, muitas vezes, englobam boa parte das publicações. Pensando nisso, qual a imagem que as empresas querem transmitir nas redes sociais de seus times? E qual o papel da arquitetura para que essa imagem seja positiva?
Além das fotos que pipocam diariamente nas diferentes plataformas virtuais, há ainda a possibilidade dos usuários marcarem as empresas, o que cria um filtro interessante de ser analisado.
Se fizermos uma pesquisa buscando pelo trabalho “dos sonhos”, principalmente entre os jovens, irão aparecer imagens de pessoas felizes em locais coloridos, animados e mobiliados de forma diferente do convencional. É o que, hoje em dia, se chama de “lugar instagramável”.
Essa é, inclusive, uma estratégia interessante. Criar um espaço exclusivo para que as pessoas – sejam colaboradores, sejam parceiros que visitam o espaço – façam fotos e postem nas redes sociais, ajuda no engajamento virtual e na construção da imagem da empresa. A depender de como esse espaço foi elaborado, transmitirá uma sensação específica. Porém, o mais interessante é, ao rolarmos o feed, só encontrarmos fotos “positivas”.
O projeto corporativo pode ser estrategicamente utilizado para transmitir uma mensagem e estimular as pessoas. Se nos basearmos na informação de que não existe ambiente neutro, ou seja, ao entrarmos em um local, seremos arrebatados por algum tipo de sensação e estímulo, podemos prever e planejar o que queremos que as pessoas sintam no ambiente que está sendo projetado.
Mas precisamos pensar que a imagem de uma empresa não é feita somente de espaços bonitos.
Se fizermos buscas naquela rede famosa por reunir reclamações, entenderemos um pouco quais as queixas dos colaboradores e verificaremos o que pode prejudicar a imagem de uma empresa. Nós fizemos esse teste e listamos alguns exemplos encontrados: pessoa reclamando que a cadeira não tem ajuste de altura nos braços; reclamação de que a porta da cabine do banheiro tinha um vão muito alto do chão, reduzindo a privacidade; reclamação de que o escritório estava “uma barulheira”; e pessoa dizendo “não aguentar mais olhar o dia inteiro para uma parede preta”.
Vendo esses apontamos, percebemos, novamente, o tamanho do impacto da arquitetura corporativa no bem-estar das pessoas. Todas as citações acima elencadas poderiam ser facilmente resolvidas com mudanças pontuais.
Com mesas e cadeiras realmente ergonômicas, o trabalhador consegue altura e postura ideal para um dia todo de trabalho; a troca das portas das cabines traria a privacidade necessário para quem usa o banheiro; com a instalação de produtos acústicos simples, a empresa conseguiria melhorar o conforto sonoro do espaço; e com uma nova pintura, utilizando cores mais agradáveis e alinhadas aos objetivos do time, somada à alteração do layout das bancadas de trabalho, reduziria o estresse de manter alguém por muitas horas frente a uma parede escura.
E esse investimento, controlado e bem-planejado, contribuiria com a imagem que essa empresa está passando nas redes sociais. Fica, assim, uma dica para arquitetos e designers de interiores: acompanhar o que os trabalhadores estão questionando sobre as estruturas de seus escritórios na Internet traz uma percepção real do que eles enfrentam no dia a dia do trabalho.
Portanto, é claro que um ambiente “instagramável” é muito bem-vindo e divertido no meio do escritório, além de gerar muitos likes nas mídias sociais. Mas é essencial que o projeto considere a qualidade de vida das pessoas dentro dos espaços físicos, em cada detalhe, na escolha do mobiliário, no preparo dos ambientes para cada tipo de atividade e no alinhamento com a cultura da empresa. Esse composto, quando bem preparado, é o que transmitirá uma imagem positiva da empresa, seja no contato pessoal ou nas mídias sociais.
