E não é que o trabalho híbrido está, de fato, se consolidando? Uma pesquisa divulgada recentemente pela empresa de consultoria norte-americana McKinsey, realizada com 100 executivos do país, revelou que no futuro pós-pandemia, nove em cada 10 organizações combinarão trabalho remoto com trabalho presencial.
Desde o ano passado, quando precisou ser adotado o modelo híbrido de trabalho, a maioria das organizações entendeu que era necessário pensar numa forma de trabalhar diferente da que estavam tradicionalmente habituadas. Com a necessidade de colocar parte de suas equipes para trabalhar remotamente, foi necessário articular meios para que esse novo formato funcionasse.
Algumas empresas notaram, por exemplo, que a produtividade do colaborador aumentou. Mas será que isso estava unicamente associado ao trabalho remoto? O que a pesquisa sugere é que esse aumento de produtividade foi resultado do apoio e incentivo que os executivos passaram a dar para que os trabalhadores tivessem “pequenos momentos de engajamento”. Essas companhias também ofereceram treinamentos, mentorias, tempo para compartilhamento de ideias e coworking. Ou seja, podemos considerar que a interação entre os colegas é fundamental até mesmo quando eles não podem estar lado a lado.
Do ponto de vista dos executivos, uma necessidade se fez presente: investir em treinamento para que os gerentes aprendessem a liderança híbrida. Quase todos os executivos entrevistados pela McKinsey reconhecem que gerenciar remotamente é extremamente diferente de quando todos os funcionários estão no local, já que são muitas as nuances que podem não ficar tão aparentes. Assim, foi necessário treinar bem esses líderes sobre como gerir equipes de maneira mais eficaz, com habilidades sociais e empatia. Foi preciso reinventar processos e metodologias para ajudar os funcionários a prosperar em suas funções.
Já do ponto de vista do colaborador, mesmo com resultados positivos, o trabalho híbrido ainda gera dúvidas. Mesmo que a produtividade tenha aumentado, muitos relatam que se sentiram ansiosos e exaustos durante o home office, o que nos leva a perceber que esse aumento de produtividade pandêmico é insustentável a longo prazo. Isso porque a ansiedade é conhecida por reduzir a satisfação no trabalho, afetar negativamente as relações interpessoais e diminuir o desempenho.
Outro ponto que os colaboradores destacam é uma certa insegurança sobre os planos dos seus empregadores para os acordos de trabalho pós COVID-19. Um dos motivos para essa sensação é o fato de que muitas organizações que já anunciaram aos seus funcionários a intenção de abraçar o trabalho híbrido daqui para frente, não compartilharam, ainda, as diretrizes, políticas, expectativas e abordagens de como isso acontecerá.
Assim, além de preparar o espaço para receber esses colaboradores garantindo que eles se sintam bem acolhidos e confortáveis para desempenhar suas atividades, é preciso traçar caminhos claros em direção ao mundo pós-pandêmico, utilizando melhor e com mais frequência a comunicação com os funcionários – mesmo que os planos ainda não tenham se solidificado totalmente.
Por fim, vale ressaltar que esta nova forma de trabalho se tornará cada vez mais comum, mas não será para todos. Há funções que necessitam do funcionário 100% na empresa. Já para as funções não essenciais de desempenho local, os executivos acreditam que seus colaboradores deverão estar presentes entre 20% e 80% do tempo.
Isso nos remete, novamente, à percepção de que o trabalho híbrido pode ser muito vantajoso tanto para as empresas quanto para seus trabalhadores, porém os espaços de trabalho precisam ser atualizados para atender às necessidades desse público que sai do home office e volta para o ambiente corporativo. Para isso, nada melhor do que espaços diversificados, que promovam o local ideal tanto para atividades colaborativas, em grupo, quanto para atividades individuais que exigem concentração e silêncio. Além disso, locais que promovam a tão sonhada interação entre os colegas, que foi rompida durante a pandemia e o trabalho remoto.
