* Por Lisandra Mascotto
Viagens são inspiradoras. E é buscando inspiração que eu programo toda minha presença pelo mundo. Em janeiro de 2020, antes de nos depararmos com a gravidade da pandemia de COVID-19, estive em Doha, no Qatar. E por lá eu absorvi muita cultura arquitetônica, um conhecimento valioso que eu trouxe para o Brasil a fim de aplicar muito do que vi em terras estrangeiras aos nossos produtos, processos e formas de colaborar com os nossos parceiros arquitetos.
E antes mesmo de saber que viveríamos um 2020 focado no mercado de saúde a fim de combater um vírus altamente contagioso, fiz uma visita ao Sidra Medical and Research Center e sua encantadora estrutura.
A estrutura do prédio, extremamente moderna, é de aço, vidro e cerâmica branca. E toda essa fachada tem a capacidade de refletir o belo céu do Oriente Médio. Já a parte interna tem muita madeira e vegetação.
Construído em 2017, o hospital tem quase 140 mil metros quadrados e 380 leitos. Tem foco na saúde infantil e na saúde da mulher, principalmente gestante. Inclusive tem esculturas enormes e incríveis mostrando a jornada na vida, desde a concepção até o nascimento, bem na entrada, o que me impressionou e até me emocionou pelo tema.
Quem chega à essa unidade de saúde se depara com 14 esculturas com 14 metros de altura cada uma, feitas de bronze e representando o desenvolvimento dos bebês. A arte é intitulada “The Miraculous Journey”, e a sequência termina com uma obra de um recém-nascido. A criação é do artista britânico Damien Hirst e chama muito a atenção, principalmente pelo fato de que o estabelecimento está dedicado à saúde da mulher.
Uma das coisas que mais me chamou a atenção foi a biofilia que se faz presente na arquitetura desse hospital, com propósito de fazer parte do tratamento e cura das pessoas, influenciando-as com uma sensação instantânea de bem-estar.
Os quartos para internações dão vista para jardins onde há muito verde, água e claridade, agindo a favor dessa sensação de cura que tanto atrelamos à natureza. Eles, inclusive, chamam esses espaços de “jardins de cura”. Ao todo são três jardins que, segundo o próprio hospital, surgem como oásis visuais relaxantes. E o ambulatório está conectado ao prédio central por uma passarela de vidro também cercada por verde e água.
Todos sabemos que a natureza impacta positivamente nosso comportamento e que cada dia mais nossas estruturas arquitetônicas se direcionam a elementos naturais a fim de promover essa interação entre homem e natureza, tão indispensável para nossa qualidade de vida. E quebrando paradigmas construídos e consolidados ao longo de décadas, esse hospital em Doha aposta em muitos materiais naturais. Tem muita madeira, árvores na parte interna, móveis com formatos orgânicos gerando sensações distintas e importantes para um ambiente de saúde que precisa ser aconchegante e acolhedor.
O espaço é tão incrível que quem quiser conhecer pode fazer o agendamento para visita pelo próprio site. É inspirador ver como os ambientes de saúde já compreendem a importância da infraestrutura e de dar atenção ao ambiente construído e, assim, estão apostando na arquitetura para transformar a vida das pessoas e melhorar o tratamento dos pacientes.
* Lisandra Mascotto, da RS Design, é especialista em mobiliário corporativo, tem mais de 25 anos de experiência no segmento e atua com conceitos que estimulam conexões entre as pessoas, por meio do mobiliário, colaborando em projetos corporativos humanizados e funcionais.