No post da semana passada (que você pode conferir clicando AQUI), falamos sobre o conceito “The Smart Office”, que confere ao ambiente corporativo um espaço altamente tecnológico, inteligente e totalmente adequado às necessidades de seus ocupantes. Agora falaremos de mais um padrão que promete se fortalecer na arquitetura corporativa dessa década: “The Human Office”.
Sim, pode acreditar, os melhores escritórios em 2030 serão mais humanos!
Nos últimos anos, a tecnologia permitiu mais flexibilidade de trabalho aos profissionais que, hoje, podem pegar o notebook e trabalhar literalmente de onde quiserem. Com a pandemia, muitos tiveram que trabalhar em casa, o que acentuou ainda mais essa tendência de flexibilidade de trabalho.
O conceito de “new work” (novo trabalho) já é antigo. Foi criado nos anos 70 pelo filósofo Frithjof Bergmann, que já previa os preceitos de liberdade de escolha como algo realmente importante e relevante para os cidadãos. E este é justamente o ponto de partida para entendermos o que será o “The Human Office”: escritórios com foco na liberdade e flexibilidade das pessoas, promovendo um trabalho produtivo e inovador.
Além da liberdade, são bastante valorizadas as propostas de autonomia e participação do trabalhador no grupo em que atua. O “novo trabalho” é aquele que oferta, aos colaboradores, a oportunidade deles se desenvolverem pessoalmente e impulsionarem sua criatividade. Até porque sabemos que a inteligência artificial e o machine learning vêm ganhando corpo com a nova revolução tecnológica e as atividades repetitivas serão cada vez mais automatizadas, ao passo que as características humanas como criatividade, empatia e inteligência emocional serão muito valorizadas.
Para Priscilla Bencke, arquiteta da Qualidade Corporativa® Smart Workplaces certificada em neurociência aplicada à arquitetura, design e urbanismo, “o colaborador deve ter foco naquilo que realmente ama, e não visualizar a sua ocupação apenas como uma maneira de ganhar e gastar dinheiro”. Para Bergmann, inclusive, o consumo também precisa ser inteligente.
Quando o filósofo definiu esses ideais, ele não tinha a convivência que hoje temos com essa nova geração. E isso nos permite concordar que ele está correto.
Quem são os “new workers”? Onde vivem, o que vestem, como se comunicam?
Esses profissionais têm habilidades de sustentabilidade, valorizam a diversidade, são ativos nas redes sociais e têm facilidade para o trabalho remoto. São desapegados, apoiam um estilo de liderança “low profile” e não gostam de empregos com horários rígidos, e-mails e muita formalidade. Aliás, o “novo trabalhador” trabalha quatro dias por semana, e não cinco como estamos acostumados.
O que é importante para o New Worker?
Ter um propósito muito bem definido! Além disso, ter satisfação diária com o trabalho é componente essencial do sucesso. Para esse trabalhador, ter orgulho da empresa e um tratamento de igualdade na equipe são motivos de felicidade que levam a um sentimento de valorização e respeito profissional.
Sente como esse “novo trabalho” está bastante atrelado às novas gerações de profissionais que acabam de chegar e estão se firmando no mercado de trabalho? As gerações intituladas “millennials” ou “postmillennials”?
E como estes profissionais trabalham?
São trabalhadores que analisam as oportunidades, mergulham fundo para conhecer as empresas e escolhem onde querem trabalhar. E, de fato, vão em busca de companhias que promovam um ambiente de trabalho que respeita a diversidade, foca no bem-estar dos times, evita posições rígidas de hierarquia e privilegia líderes parceiros à chefes abusivos.
São pessoas que deixaram de lado a ideia de “viver para trabalhar” pois entendem que a vida é muito mais do que isso. Assim, prezam pelos momentos de folga para estar com a família e os amigos. E, por isso, apoiam o trabalho híbrido, que mescla atividades presenciais e remotas.
Como projetar escritórios para este New Worker?
Para atingir todas essas expectativas, o novo sistema parece estar dividido em três partes: trabalho remunerado; autossuficiência e consumo inteligente; e trabalho que realmente ama.
É justamente pensando neste comportamento do novo trabalhador que os escritórios devem ser projetados, atendendo às expectativas do time que preza por liberdade nos espaços físicos, o que, por fim, deve ser reflexo da cultura empresarial.
Porém, o “The Human Office” vai além, envolve também a neuroarquitetura. Ou seja, a construção de um ambiente de trabalho humanizado precisa abraçar percepções sobre o comportamento desses novos trabalhadores de forma ainda mais aprofundada. Somente assim se chega a uma fórmula capaz de proporcionar bem-estar físico e mental a todo o grupo. E aqui, percebemos que o “The Human Office” está totalmente atrelado ao “The Smart Office”. Ou seja, o lado humano que utilizará ao máximo a tecnologia disponível.
Assim, é perceptível dentro do mercado de arquitetura corporativa que o “The Human Office” está se fortalecendo e que, daqui até 2030, teremos ambientes de trabalho muito mais focados nas experiências humanas, nas necessidades e desejos dos profissionais, e na construção de líderes em vez de chefes.
A série “Os escritórios em 2030” foi inspirada no curso de atualização profissional “Escritórios: ontem, hoje e em 2030” recentemente ministrado por Priscilla Bencke, da Qualidade Corporativa® Smart Workplaces.
