Nas últimas semanas nos dedicamos, aqui no Espaço do Arquiteto, a comentar as principais tendências que prometem ditar a arquitetura corporativa ao longo dessa nova década. Nos inspiramos em todo o conhecimento compartilhado durante o curso de atualização profissional “Escritórios: ontem, hoje e em 2030”, recentemente ministrado por Priscilla Bencke, da Qualidade Corporativa® Smart Workplaces, e trouxemos para o nosso portal de conteúdos informações sobre quatro vertentes principais dessa modernização dos escritórios.
Falamos sobre “The Smart Office”, “The Human Office”, “The Green Office” e “The Healthy Office” de forma individualizada, onde cada uma dessas percepções foi explorada com mais profundidade para que compreendêssemos como essas tendências já estão se enraizando e se tornando realidade dia após dia. Mas quais as conclusões que chegamos quando traçamos um novo perfil de ambiente profissional envolvendo esses quatro pilares?
É exatamente sobre isso que queremos falar agora.
A primeira grande percepção que temos – e talvez a mais importante – é que o ser humano está no centro de tudo. Qualquer ideia que seja traçada tem, como foco principal, atender às necessidades dos ocupantes daquele espaço. E aqui a proposta é abrangente. Não se trata, apenas, de suprir as necessidades físicas, mas também as emocionais e mentais.
Podemos avaliar que o conceito “The Human Office” coloca, sob seu guarda-chuva, muitos dos ideais que são debatidos nas outras vertentes. Trazendo considerações sobre as diferentes gerações – afinal, temos uma nova leva de trabalhadores chegando ao mercado com expectativas bastante diferentes das que estávamos habituados – o “The Human Office” reforça o conceito do “new work” que valoriza a autonomia do trabalhador e amplia as oportunidades para que ele se desenvolva pessoalmente, impulsione sua criatividade e trabalhe sua inteligência emocional.
É um ambiente que entende os desejos desses novos profissionais – que são mais desapegados, valorizam a diversidade e atitudes sustentáveis, gostam do trabalho remoto e são muito ativos nas redes sociais – e oferta uma infraestrutura que vai ao encontro de tudo o que é tão priorizado nesse novo escopo de trabalho.
E, então, os outros conceitos vêm para somar. No “The Smart Office”, por exemplo, falamos sobre a adesão tecnológica como uma aliada na construção de um ambiente muito mais atrativo e confortável. Escritórios inteligentes, interligados com a Internet e capazes de tomar decisões autônomas para garantir um espaço funcional e agradável.
Mas o que queremos dizer quando imaginamos um ambiente construído que toma decisões? Apesar dessa ideia parecer muito futurista ao ser mencionada, ela já está sendo explorada nos prédios mais modernos. As luzes podem se apagar sozinhas caso não haja ninguém utilizando o espaço. O ar-condicionado consegue se ajustar de acordo com as necessidades particulares de cada ocupante quando essa configuração for previamente definida. Até mesmo as mesas de trabalho já podem alternar sua altura a fim de incentivar o profissional a se movimentar. São decisões autônomas, porém cadastradas previamente por um ser humano com competências para entender o que cada funcionário espera e dar a ordem correta ao escritório.
E aqui temos mais uma coalizão de estratégias. Um escritório inteligente também precisa prezar pela saúde de seus ocupantes. E, então, damos espaço ao conceito do “The Healthy Office”.
Os empresários já perceberam que um profissional física e mentalmente saudável reflete em maior produtividade e motivação para a conquista das metas e de melhores resultados para as empresas. E essa tem sido uma preocupação real, principalmente em um mundo moderno onde a depressão e a ansiedade têm se tornado um problema grave de saúde.
Para isso, essas inserções tecnológicas – como o exemplo da mesa que muda de altura que mencionei há pouco – são fundamentais. Automatizar o incentivo ao movimento do corpo cuida da saúde física. Mas, paralelamente, enquanto ideais tecnológicos ajudam a cuidar do corpo, precisamos de outros ideais que nos ajudem a cuidar da mente. E, agora, trazemos o quarto conceito: “The Green Office”.
É comprovado cientificamente que o ser humano carece da interação com a natureza. Quando permanecemos muito tempo distantes de elementos naturais, sofremos com essa separação. Esse envolvimento do homem com o mundo externo está totalmente atrelado às sensações de bem-estar que ajudam a gente a cuidar do nosso psicológico. O conceito “The Green Office” une a preocupação com a sustentabilidade do planeta à construção dos edifícios e, também, aproxima a tão querida natureza dos espaços internos.
Escritórios que aderem à vegetação, que usufruem de texturas naturais como a madeira, que privilegiam locais com jardins ou pelo menos varandas e áreas externas, que optam até mesmo por uma sonoplastia fundamentada nos sons da natureza, tendem a ser mais saudáveis. Há tempos trazemos para o Espaço do Arquiteto matérias que falam sobre biofilia, sobre a criação de experiências de imersão na natureza, e como essas adesões impactam positivamente o nosso comportamento.
Por fim, esses pensamentos aqui listados trazem apenas uma das visões integrativas que temos quando observamos todas as tendências que se desenham para os escritórios até 2030. Há muitas outras interligações entre “The Smart Office”, “The Human Office”, “The Green Office” e “The Healthy Office”. Acessando esses links, é possível mergulhar em cada um desses conceitos e, justamente por esse ser um tema tão amplo e relevante, seguiremos trazendo novas perspectivas sobre eles aqui em nosso portal. Fiquem ligados.
* Lisandra Mascotto, da RS Design, é especialista em mobiliário corporativo, tem mais de 25 anos de experiência no segmento e atua com conceitos que estimulam conexões entre as pessoas, por meio do mobiliário, colaborando em projetos corporativos humanizados e funcionais.