Começamos, hoje, a série “Os escritórios em 2030”. Ao longo das próximas semanas abordaremos algumas das principais características evolutivas dos ambientes corporativos para que possamos estar atentos às mudanças que já estão acontecendo e que tendem a se intensificar nos próximos anos.
A base para a construção desse conteúdo foi o curso de atualização profissional “Escritórios: ontem, hoje e em 2030” recentemente ministrado pela arquiteta certificada em neurociência aplicada à arquitetura, design e urbanismo Priscilla Bencke, da Qualidade Corporativa® Smart Workplaces.
O primeiro pilar que abordaremos nessa série é um dos grandes responsáveis pela transformação dos espaços corporativos até 2030 e é chamado “The Smart Office”. Como o próprio nome já diz, precisamos pensar em ambientes inteligentes. Mas, inteligentes como? Basicamente o que esse conceito traz são escritórios interligados com a Internet e que, por isso, são capazes de tomar decisões de forma autônoma, tornando o ambiente agradável e funcional.
A revolução tecnológica já faz parte de nossas vidas, então deixou de ser futurista pensar em escritórios onde as luzes somente permanecem acesas quando o local está ocupado, onde as portas são automáticas para que as pessoas não precisem acioná-las manualmente, onde o ar-condicionado está programado para ligar e desligar sem que qualquer ação humana precise ser tomada. Porém, é chegada a hora de imaginar tudo isso em uma escala muito maior e de forma muito mais comum no nosso dia a dia.
Mas “The Smart Office” não se refere apenas à inteligência altamente tecnológica. Mas à inteligência que faz com que o espaço esteja sempre se adaptando ao seu usuário a fim de propor, a ele, uma ótima experiência de utilização e, sobretudo, garantir sua saúde e qualidade de vida. Para isso, às vezes as soluções são bastante simples, como uma mesa com sistema de elevação de altura, por exemplo, ou climatização automatizada conforme o momento do dia.
Escritórios que seguem os preceitos do “The Smart Office” enxergam cada funcionário como uma peça estratégica para o funcionamento da empresa. Para que o ambiente flua como deve, as pessoas que ali estão precisam se sentir integradas ao espaço e motivadas. Assim, o conceito de “escritório inteligente” possibilita um ambiente no qual o colaborador se sente física e emocionalmente confortável para trabalhar.
O que um ambiente inteligente faz? Ele captura as qualidades de cada modelo arquitetônico e as une em um novo formato, eliminando os problemas e criando um novo espaço. É exatamente o que o “The Smart Office” fez com o conceito do Open Office (ambientes abertos, sem paredes). Se essa ideia de “derrubar” as paredes foi excelente para maior integração entre os pares – reduzindo, inclusive, as barreiras hierárquicas impostas pelo layout – por outro lado ela abriu espaço para um local de trabalho repleto de ruídos e com pouca privacidade.
No conceito do “The Smart Office” há a ideia principal de ambientes abertos em conjunto com outros ambientes mais privativos, para trabalho mais focado. Para isso, são utilizados diversos recursos existentes para a atenuação acústica.
Estes ambientes mais privativos podem ser em estações de trabalho com painéis protetores, phone booths ou áreas mais reservadas para uma reunião rápida e com poucas pessoas. O importante é que os trabalhadores tenham múltiplas escolhas de espaços diferentes para atividades diferentes.
Segundo Priscilla, a implementação do “The Smart Office” é possível, porém não simples. “É uma modalidade desafiadora, com muitos pontos positivos, mas com eventuais desafios que devem ser pontuados e analisados para que o sistema funcione e proporcione produtividade, saúde e equilíbrio entre a vida profissional e a vida pessoal”, disse.
Dessa forma, daqui a 10 anos é possível que tenhamos uma versão 5.0 dos ambientes corporativos. Confira na ilustração abaixo o que isso significa:
Como diz o doutor Robert Nehring, autor da publicação alemã Office 2030: Zur Zukunft der Büroarbeit (“Escritórios em 2030: Sobre o futuro dos ambientes de trabalho” em tradução livre para o português), que inspirou a realização do curso pela Qualidade Corporativa® Smart Workplaces, “tudo o que pode se tornar digital, irá se tornar digital”.
Para complementar a frase acima, temos uma afirmação de Gil Giardeli, especialista em Inovação e Economia Digital, que resume muito bem o que significa um futuro cada vez mais tecnológico em que as características humanas serão cada vez mais necessárias: “Robôs, não para roubar os nossos empregos, mas para nos ajudar a voltar a ser humanos”.