Chegamos ao quarto e último conceito sobre o futuro dos escritórios: The Healthy Office. A pandemia de COVID-19 nos ligou um alerta ainda maior sobre a importância da saúde física, pois precisávamos (e continuamos precisando) evitar ao máximo a infecção; e sobre nossa saúde mental, pois o isolamento social, as preocupações relativas à crise e a tensão gerada pela incerteza sobre esse vírus altamente contagioso que se espalhou pelo mundo em um piscar de olhos nos geraram muitas demandas psicológicas.
Mas, independentemente do novo coronavírus, o conceito do The Healthy Office se fortalece a cada dia como uma das principais tendências na arquitetura corporativa. Isso porque, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), “saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças”. É justamente por essa amplitude do termo que precisamos falar sobre a manutenção da saúde no ambiente corporativo.
O homem permanece normalmente 1/3 do seu dia envolto em atividades profissionais. Trabalhamos cerca de 8 horas por dia, cinco dias por semana (se você leu o post The Human Office sabe que a redução da carga horária é uma tendência ). O nosso ambiente de trabalho impacta nossa vida de forma grandiosa e é por isso que ele precisa ser saudável, promovendo nossa saúde e nosso bem-estar.
Saúde física e saúde mental – O escritório deve cuidar?
É preciso se preocupar com a saúde física dos trabalhadores e isso já está muito bem consolidado e regulamentado. Escritórios devem ter uma iluminação adequada para as atividades dos profissionais; devem ofertar infraestrutura que preserve a postura e auxilie na prevenção de lesões por esforço repetitivo; precisam cuidar da qualidade do ar, conforto térmico e conforto acústico; e devem garantir espaços para que os times possam se alimentar adequadamente.
Mas agora sabemos que não basta se preocupar com a saúde física, a saúde mental é tão importante quanto. Vivemos uma era de profissionais estressados, desgastados e que chegam ao seu limite, precisando de atendimento médico e afastamento. O Burnout está “em alta”, levando trabalhadores à exaustão extrema. Somado a isso, temos outro conceito: o boreout, estado de apatia e desinteresse que tira o entusiasmo e o prazer em atividades cotidianas relacionadas ao trabalho.
Ao mesmo tempo em que o The Smart Office é uma tendência (clique AQUI para ler esse post), precisamos cuidar para que ele não se transforme em mais um motivo para o esgotamento dos profissionais. E é por isso que precisamos somar, a ele, o The Healthy Office. Isso porque a alta adesão tecnológica nos leva a um comportamento multitarefas que pressiona o profissional para entregar cada vez mais em menos tempo.
Pressão psicológica > Sintomas físicos > Impacto na produtividade
Mas será que as empresas realmente estão preocupadas com a saúde dos profissionais em um mercado tão acirrado onde a busca pelo rendimento se faz constante? A resposta é sim!
Isso porque um profissional que não está saudável não conseguirá atingir suas metas e ainda pode prejudicar o restante do time. Estudos mostram que essa pressão exagerada a que os trabalhadores muitas vezes são expostos leva à procrastinação, ao presenteísmo (quando o funcionário está presente, mas não consegue desempenhar suas atividades) e à demência digital (consumo desenfreado de informações que podem levar a distúrbios de memória, falta de atenção, dificuldade de concentração e outros problemas emocionais).
Como resolver pela arquitetura corporativa?
O projeto de arquitetura tem um papel bastante relevante na construção de um ambiente corporativo saudável. E essa é uma tendência dos escritórios em 2030: garantir a construção de um local de trabalho focado em bem-estar. Como fazer isso? Temos algumas possibilidades descritas a seguir.
Ficamos muitas horas em frente a telas de computadores, televisores, tablets e celulares. A vista fica cansada. Assim, garantir um descanso visual é importantíssimo e se alia à necessidade de uma pausa para desestressar a mente. Hoje, inclusive, existem projetos corporativos que oferecem, aos trabalhadores, uma pequena sala com som ambiente e ilustrações nas paredes (e até mesmo “observatórios) para que eles possam relaxar o pensamento, os olhos e o corpo. Varandas, sacadas e terraços com vista para o ambiente externo também podem cumprir essa função. Empresas também passaram a incentivar a meditação.
Outra ideia está no combate ao sedentarismo. Um profissional que chega às 9h ao trabalho, senta em uma bancada, levanta apenas para almoçar, volta e lá permanece até o final do expediente não cumpre a meta de movimento diária que o nosso corpo precisa. Hoje, smartwatches até nos ajudam a perceber que de tempos em tempos precisamos levantar e caminhar um pouco.
Mas mesmo quem não usa esse tipo de aparato tecnológico pode se beneficiar de um escritório que estimule esse movimento. Para isso, alguns ambientes colocam salas de ginástica à disposição dos colaboradores; outros estimulam que eles mudem de ambiente ao longo da jornada, oferecendo bancadas tradicionais de trabalho mas, também, pufes, arquibancadas, mesas altas, sofás e outros tantos tipos de assentos. Trazendo mais uma vez à tecnologia para perto, existem mesas de trabalho que automaticamente se elevam após determinado tempo de uso, obrigando o trabalhador a permanecer um pouco em pé. Tudo isso ocorre concomitantemente à aplicação das regras de ergonomia que protegem o trabalhador.
Passando para os aspectos de higiene e alimentação, precisamos lembrar que a pandemia reforçou ainda mais nossos hábitos de higiene e isso deve permanecer ao longo dos próximos dez anos. Evitar acionamentos manuais para que as pessoas toquem menos em portas, torneiras, interruptores vai ser uma ação permanente; evitar o contato quando houver sintomas de gripe e resfriado também, já que muitos poderão trabalhar alguns dias por semana em casa. Além disso, os espaços de trabalho devem estimular uma alimentação saudável, oferecendo um bom refeitório com itens naturais, fortalecendo a necessidade de beber água, e dando toda a estrutura necessária para que esse trabalhador se alimente muito bem ao longo do dia.
Por fim, todos os itens que constroem um ambiente saudável passam a integrar as estratégias de desenvolvimento de espaços corporativos, pois profissionais saudáveis são profissionais motivados, o que ajuda na manutenção da saúde física e mental, criando um ciclo de bem-estar no trabalho. Desta forma, teremos produtividade sustentável na empresa com pessoas felizes e saudáveis.
A série “Os escritórios em 2030” foi inspirada no curso de atualização profissional “Escritórios: ontem, hoje e em 2030” recentemente ministrado por Priscilla Bencke, da Qualidade Corporativa® Smart Workplaces.