Se você está acompanhando a movimentação corporativa nos últimos meses já deve ter visto matérias falando sobre o quiet quitting (ou demissão silenciosa, em uma versão traduzida para o português). Esse fenômeno, que começou a ganhar muita repercussão com os jovens usuários do TikTok, está atrelado a um empenho dos trabalhadores em evitar o burnout em decorrência do trabalho excessivo, fazendo exatamente aquilo que foram contratados para fazer. Nem mais, nem menos.
Mas, por que estamos trazendo esse assunto para o Espaço do Arquiteto? Acontece que, hoje, com as descobertas da neuroarquitetura, sabemos como o espaço físico impacta a saúde física e emocional das pessoas. E se o ambiente tem esse poder, também pode ser fator decisivo nessa nova questão do quiet quitting, principalmente quando há uma alta rotatividade de profissionais buscando espaços mais saudáveis para trabalhar.
Escritórios que atraem os colaboradores são aqueles que se transformam em um lugar de bem-estar promotor de trocas. “O foco está em fazer as pessoas que frequentam o espaço, ganharem conhecimento e experiências”, comenta Lisandra Mascotto, da RS Design.
Esse pensamento está totalmente alinhado com a ideia de que o ambiente de trabalho não deve ser um centro onde todos chegam, sentam, desempenham suas atividades de forma ininterrupta, e depois voltam cansados para casa. Hoje, o escritório é diferente. É um local de interação social. E para que essa interação seja possível, primeiramente ela precisa ter um ambiente adequado para acontecer e, em segundo lugar, os participantes precisam ter tempo livre.
Para as empresas que adotam o modelo híbrido – onde as pessoas trabalham parte da semana no escritório e outra parte em home office – essas observações são ainda mais relevantes, já que o tempo disponível para interação é reduzido. “Nesse modelo de trabalho os escritórios passam a ser grandes hubs de encontros. Para isso, precisam ser altamente atrativos e estimulantes para encantar os talentos da empresa. Além, claro, de serem muito funcionais, preparados e flexíveis para as atividades que precisam ser realizadas”, complementa Lisandra.
O ensinamento que fica é que para a geração adepta do quiet quitting, o escritório precisa ser sedutor, ou seja, as pessoas precisam querer estar lá. E isso passa, claro, pela estrutura física e pela cultura organizacional.