Perdemos nossa capacidade de foco e temos de recuperá-la

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Perdemos nossa capacidade de foco e temos de recuperá-la

Como está a sua capacidade de concentração? Você sente que, hoje em dia, se distrai muito facilmente? Tem dificuldade para se manter focado em uma atividade de trabalho e, até mesmo, para assistir a um filme um pouco mais longo?

Se respondeu “sim” aos fatos acima, saiba que essa é uma característica nada positiva da nossa vida moderna. Mas você não está sozinho e, inclusive, sendo arquiteto ou designer, pode ajudar a desconstruir essa realidade e construir uma nova muito mais saudável.

O desenvolvimento natural da sociedade nos levou a ambientes repletos de acontecimentos simultâneos. Nos escritórios – muitos deles formatados em estilo aberto – há tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo, que tentamos absorver um pouco de tudo, afinal, ninguém quer ficar de fora dos fatos.

Com a pandemia, fomos trabalhar em casa e, para algumas pessoas, foi ainda pior. No espaço doméstico, muita gente tentava se concentrar no trabalho, mas as demandas da residência pareciam gritar, competindo por atenção. Pais e filhos que conversavam continuamente, preocupações com as refeições e os afazeres de casa, pets querendo atenção. Tudo isso acabou nos desgastando ainda mais.

Somado à essas situações, outro fator que contribuiu para nos direcionarmos a uma vivência multitarefas foi o smartphone. Com ele na mão, começamos a vivenciar interrupções frequentes. É o WhatsApp, o SMS, o telemarketing, o Instagram, o Twitter, o banco, o iFood… muitas vezes, as notificações não pedem licença para chegar.

E, como vivemos de adaptações, aprendemos a resolver diversas situações simultaneamente. Estávamos focados no computador trabalhando em um projeto, quando chegava uma mensagem de outro tema no celular. Quase que imediatamente, nossa atenção mudava para ele. Minutos depois, retomávamos o que estávamos fazendo. Na sequência, o filho chegava da escolha perguntando o que teríamos para o almoço. Mais uma vez, a atenção se desviava da atividade para dar essa resposta. Vivemos assim, mas isso é saudável?

A resposta é não! Tudo ganhou aquela sensação esquisita de urgência. E a gente foi caminhando para o estresse, a falta de motivação e de produtividade.

O grande problema disso é que o ser humano não foi “programado” para prestar atenção (de fato) em tudo o que está acontecendo ao seu redor. Por isso temos o foco!

Uma matéria publicada recentemente na revista Você RH traz os problemas cognitivos da vida multitarefas. De acordo com o texto (que você pode ler AQUI), é nosso foco atencional que nos permite selecionar o que é mais importante no ambiente, fazendo com que nossas energias se concentrem naquele ponto e deixando o resto para depois. Poderíamos facilitar a compreensão dizendo que é o foco atencional que nos faz priorizar nossas atividades, assim como fazemos ao usar uma lanterna no escuro: direcionamos a luz exatamente para aquilo que queremos enxergar. Só que precisamos entender que cada um de nós só tem “uma lanterna”.

Para recuperarmos nossa capacidade de focar em apenas uma atividade, devemos trabalhar nossa vigilância. E, para isso, existem algumas possibilidades.

Obviamente é preciso pensar na mudança cultural, que envolve repensar o comportamento coletivo com o uso das redes sociais e dos comunicadores instantâneos. Aqui cabe, inclusive, um exercício de empatia. Se algo não tem urgência, que tal mandar para o colega de trabalho por e-mail, em vez de encaminhar via WhatsApp? Assim ele verá com tranquilidade na hora em que tiver disponível. Outro ponto é pararmos de esperar respostas imediatas para tudo. Devemos medir o nível de interrupção que causamos no outro, para que seja possível reduzir também o nível de interrupção que recebemos.

Por outro lado – e era justamente aqui que pretendíamos chegar com toda essa densa explicação sobre a vida multitarefas – o ambiente também contribui para o bem ou para o mal. Não conseguiremos, da noite para o dia, mudar nosso estilo de vida. Se hoje estamos sem foco e sem concentração, amanhã não seremos automaticamente as pessoas mais concentradas da empresa. Precisamos moldar essa nova nuance com tempo, dedicação e paciência.

Que tal, por exemplo, começar a dedicar parte do dia de trabalho a atividades mais concentradas? Escolher um período de horas para sair do ambiente colaborativo e coletivo para sentar em um espaço silencioso, desligar as notificações do celular e se dedicar a uma única atividade. É praticamente como um treino!

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Escritório com espaços preparados com revestimentos acústicos para atividades mais concentradas e um pouco mais privativas. Mobiliário e soluções acústicas da RS Design.

Um estudo da Steelcase, norte-americana focada em mobiliário corporativo, diz que 95% dos trabalhadores precisam de espaços tranquilos e privados, porém 40% deles afirmam que suas empresas não disponibilizam esses locais. Do ponto de vista da arquitetura corporativa, temos opções práticas e interessantes para estimular esse novo estilo de vida. Uma delas está nas cabines acústicas. Fáceis de montar e desmontar, elas ocupam pouco espaço, não exigem investimento em reformas, e fomentam a cultura da concentração. O trabalhador define um período de tempo, entra na cabine e se compromete consigo mesmo a se dedicar única e exclusivamente àquela atividade.

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Diversos modelos de cabines acústicas exibidas na Feira Orgatec, realizada este ano na Alemanha. Lisandra Mascotto, da RS Design, registrou estas imagens e testemunhou esta tendência fortíssima no segmento corporativo internacional.

Outra opção está na elaboração de espaços coletivos, porém de puro silêncio. Algumas empresas optam por montar estações de trabalho em locais fechados onde é proibido conversar, ouvir música, usar o celular para ligações, e fazer qualquer tipo de barulho. Costumam chamar esses ambientes de “quiet zones”.

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Mobiliários e painéis acústicos para ambientes de concentração também exibidos na Feira Orgatec e registrados por Lisandra Mascotto, da RS Design.

O importante, aqui, é sempre lembrar da tendência da flexibilidade. Não devemos mudar totalmente para espaços de puro silêncio e isolamento. A sociabilidade também é muito importante para a saúde e o bem-estar. Porém, ambientes colaborativos tendem a ser mais ruidosos e, consequentemente, não tão saudáveis para 100% do tempo. Por isso, ter o colaborativo – que é algo que já entendemos e aplicamos – é tão importante quanto ter o espaço de silêncio e concentração. O segredo está no equilíbrio.

 

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