A tecnologia não para de surpreender todos os setores da economia e estar atento às formas de tê-la como aliada para a melhoria dos negócios é fundamental. O mundo corporativo vem utilizando, há algum tempo, ferramentas de people analytics baseadas no conceito de big data, ou seja, na coleta e análise de dados, para entender o comportamento dos colaboradores.
O objetivo não é vigiar todo mundo, mas encontrar, em meio a tantas informações, aquelas que podem ser estratégicas para atrair e reter talentos, planejar promoções e desenvolvimento de carreira, definir os perfis em momentos de corte e criar novos benefícios que atendam às demandas mais frequentes entre os times.
Chega a hora, então, dos arquitetos voltados à elaboração de projetos corporativos também se beneficiarem desse mar de dados capaz de contribuir grandiosamente com o sucesso dos layouts dos escritórios.
Recentemente, uma matéria da revista Você RH explicou como os gestores de recursos humanos estão utilizando esses dados para recrutar e selecionar talentos. O texto também enfatiza que, de acordo com relatório publicado pelo Fórum Econômico Mundial, mais de 75% das empresas vêm implementando ferramentas de inteligência artificial em seus negócios, inclusive plataformas de people analytics.
Além de prever ondas de desligamento voluntário, entender os motivos de altas taxas de turnover, otimizar os processos de recrutamento, melhorar as qualidades dos líderes e estimular as equipes de vendas, a inteligência artificial consegue monitorar os passos dos colaboradores dentro do espaço corporativo. Para arquitetos e designer, esses dados são um valioso tesouro.
Estamos falando sobre telemetria de ambiente, ou seja, sistemas inteligentes que utilizam sensores (e, então, aqui também incorporamos a Internet das coisas) para observar quanto tempo as pessoas ficam nas cadeiras, por onde circulam, se passam tempo em contato com os colegas, se ocupam mais uma ou outra áreas específicas, e muitas outras informações capazes de ditar o comportamento dos times e, assim, prover o espaço mais adequado para cada um deles.
Os especialistas vão mais longe e ditam algumas possíveis novidades que surgirão em breve como, por exemplo, o potencial que a inteligência artificial tem de trazer insights sobre o bem-estar dos colaboradores (já temos pesquisadores utilizando ferramentas e dados das redes sociais da população para detectar ansiedade e depressão, como mostra ESSA MATÉRIA da CNN) e melhorar a experiência dos funcionários de forma personalizada e individualizada.
Mas, como em toda ferramenta de inteligência artificial, o mais importante é saber exatamente o que perguntar. Então daremos algumas sugestões de perguntas que podem ser feitas através do people analytics e da telemetria para ajudar na elaboração e adaptação de infraestruturas corporativas:
- Quanto tempo as salas de reunião permanecem ocupadas?
- Qual o nível de utilização do refeitório durante os horários das refeições e fora deles?
- O(s) ponto(s) de café fica(m) cheio(s) em qual período do dia?
- As pessoas se movimentam durante o dia ou permanecem a maioria do tempo sentadas em seus postos de trabalho?
- Temos pessoas trabalhando sozinhas em ambientes pouco ocupados, indicando que elas precisam de silêncio?
- Em qual local há mais demanda por sinal de Internet?
- Qual o espaço mais ruidoso do escritório?
Essas respostas podem ajudar a pensar:
- Se há espaços subaproveitados que podem ser transformados para um melhor uso.
- Se as pessoas conseguem se concentrar no trabalho.
- Se o refeitório está sendo utilizado mais para refeições ou se as pessoas estão se concentrando ali também para trabalhar fora do horário de almoço e jantar.
- Se a empresa precisa estimular mais o movimento pensando na qualidade de vida e na saúde dos colaboradores.
É interessante – e impressionante – observar que a tecnologia surge e se desenvolve de uma maneira muito rápida e o que hoje ainda é uma perspectiva amanhã se torna fato concreto. Por isso é necessário que os profissionais de arquitetura se mantenham atualizados sobre as possibilidades para poderem sair na frente na hora de vender seus serviços, embasando a tomada de decisões em dados individuais de cada cliente. É a arquitetura ganhando cada vez mais exclusividade para cada empresa.