Graças ao advento da tecnologia e à exposição conseguida via Internet e redes sociais, temas que antigamente ficavam à sombra ganham destaque e, consequentemente, mais força. Um desses assuntos que agora são amplamente debatidos, contribuindo para a melhoria da sociedade, é a mobilidade de pessoas com deficiências físicas e visuais.
Mesmo ainda havendo muito desrespeito dos direitos adquiridos pelos deficientes, hoje temos uma grande parcela da população de olho e preocupada em promover melhorias e garantir que todos sejam respeitados e incluídos na rotina das grandes cidades. Para isso, basta analisarmos a quantidade de “pegadinhas” realizadas e postadas na Internet com quem desrespeita o assento preferencial no transporte público e as vagas de estacionamento reservadas para portadores de necessidades especiais.
Segundo uma pesquisa publicada pelo Instituto Brasileiro dos Direitos da Pessoa com Deficiência (IBDD), 57% dos deficientes entrevistados acreditam que, nos últimos anos, a condição de vida melhorou significativamente.
Robson Gonzales, arquiteto e urbanista, sinaliza que apesar de ainda ser necessário investir em esforços, as melhorias já conquistadas são visíveis. “Mesmo que muitas construções e reformas ainda reduzam a acessibilidade a uma rampa tantas vezes construída de forma incorreta ou incompleta, nos últimos dez anos ampliamos significativamente a aplicação de acessibilidade no ambiente construído”, afirma.
Analisando os espaços corporativos, notamos que também temos muito a progredir. Apesar da vigência da Lei nº 8.213 obrigando as empresas com mais de 100 funcionários a disponibilizar de 2% a 5% de suas vagas a pessoas com deficiência, que sofreram acidentes de trabalho ou beneficiárias da Previdência Social, muitas corporações oferecem as vagas sem adaptar o espaço físico. “Poucos escritórios realmente estão preparados para incluir a pessoa com deficiência em seu time e essas correções pontuais e gerais precisam ser realizadas para promover essa integração. Além de pontos relacionados à acessibilidade física incluindo rampas, corrimãos, elevadores adaptados, sinalização visual e tátil, o próprio posto de trabalho deve estar reconstruído e adaptado às necessidades do usuário”, destaca Gonzales.
Com relação ao investimento financeiro para a construção de um ambiente adaptado, Gonzales frisa que é mais interessante que essa análise seja feita logo no início do projeto: “caso o ambiente seja construído já dentro dos conceitos do desenho universal, o custo pode aumentar de 1% a 3%. Já se o edifício tiver de ser adaptado após o término da obra, esse custo pode chegar a 25%”.
Pensando em especialização na área de arquitetura, os profissionais interessados em criar projetos ideais e que seguem todas as normas de acessibilidade previstas na NBR 9050 – Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos, o mais apropriado seria investir em estudos de caso e cursos. Quando um projeto é realizado por alguém pouco capacitado, quem sofre é o deficiente usuário do espaço. “Vemos, muitas vezes, adaptações pensadas e desenvolvidas de maneira equivocada e dispendiosa. Também faz parte do projeto planejar todas as etapas das adequações”, finaliza Gonzales.
A todos os arquitetos interessados em se aprofundar no tema, o SENAC disponibiliza o curso Desenho Universal – Acessibilidade para uma arquitetura inclusa. Durante o curso, os alunos aprendem noções de como detectar as principais dificuldades da sociedade para, então, projetar de forma completa para a diversidade de pessoas, incluindo as que possuem deficiências e mobilidade reduzida.